segunda-feira, 21 de setembro de 2009

 

A Boa e a Má Moeda



A propósito de um inigualável trapalhão chamado Pedro Santana Lopes, o Presidente Cavaco Silva recorreu um dia à «Lei de Gresham» para afirmar que «a má moeda expulsa a boa moeda».
E se isso é verdade, não é menos verdade que as «más moedas» também se atraem e se juntam umas às outras, numa associação miserável que tudo corrói à sua volta.

Será talvez por isso que à volta de Cavaco Silva se juntam pessoas e casos que mancham a Presidência da República de uma indignidade que não deixará de marcar indelevelmente a sua presidência.

Não é aceitável que Cavaco Silva tenha permitido que, de súbito, tenham começado a pairar à sua volta casos como o da inexplicável e estratosférica valorização das suas acções do BPN, que tenha tantos meses levado ao colo o Conselheiro de Estado Dias Loureiro, obviamente associado a esse súbito euromilhões presidencial, e que tenha mantido tão longo silêncio à volta de umas abstrusas escutas à Presidência da República que, se bem recordo, seriam a única explicação plausível para ter vindo a público essa notícia curiosíssima de que seriam os assessores da Presidência que estavam a elaborar o programa eleitoral do PSD.

Agora vem a lume que a Presidência da República organiza dossiers secretos sobre cidadãos e, como se não bastasse, a afirmação de um assessor que diz que está directamente autorizado pelo Presidente a tornar públicas as suas suspeitas sobre as tais misteriosas escutas e a criar à sua volta mais um caso de manifesto desgaste político-eleitoral para o Primeiro-ministro José Sócrates, obviamente em coordenação com as acusações de «asfixia democrática» de Manuela Ferreira Leite, ironicamente proferidas na Madeira.

E perante tudo isto, o que faz o Presidente da República?
Não só não nega nada disto, como não faz rigorosamente nada!
Estranhamente (ou talvez não), um complacente Cavaco Silva aparece a conviver pacificamente com todos estes casos e com a «má moeda» que prolifera tão pacífica e sadiamente à sua volta.

Mas o que é facto é que a Presidência de Cavaco Silva nunca mais será a mesma.
Cavaco Silva pode ainda vir dizer-nos qualquer coisa como «I’m not a crook».

Mas se um caso de escutas foi motivo mais do que suficiente para a demissão de Richard Nixon, se por muito menos Karl Rove e Damian McBride foram demitidos, então uma coisa é certa:
- Todos estes casos e mais esta espécie de «Watergate ao contrário» deixaram Cavaco Silva completamente despojado de ética política e democrática para continuar a exercer o cargo de Presidente da República.




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