sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

 

Regras de escrita e de gramática


Esta chegou-me por email há já uma porrada de tempo.
E continua com piada!



Regras de escrita e de gramática



1. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.

2. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.

3. Anule aliterações altamente abusivas.

4. não esqueça as maiúsculas no inicio das frases.

5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.

6. O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.

8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, tá fixe?

9. Palavras de baixo calão podem transformar o seu texto numa merda.

10. Nunca generalize: generalizar, é um erro em todas as situações.

11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.

12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem ideias próprias".

13. Frases incompletas podem causar

14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma ideia várias vezes.

15. Seja mais ou menos específico.

16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!

17. A voz passiva deve ser evitada.

18. Utilize a pontuação correctamente o ponto e a vírgula especialmente será que já ninguém sabe utilizar o ponto de interrogação

19. Quem precisa de perguntas retóricas?

20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.

21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.

22. Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"

23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

24. Não abuse das exclamações! Nunca! O seu texto fica horrível!

25. Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da ideia nelas contida, e, por conterem mais que uma ideia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes, de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúaa portuguêza.

27. Seja incisivo e coerente, ou não.

28. Não fique escrevendo no gerúndio. Você vai deixando seu texto pobre - causando ambiguidade - e esquisito, ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo.

29. Constitui presunção juris et de jure que o uso anómico, ainda que meramente comodatário ou em fideicomisso, de tecnolecto demasiadamente conexionado com determinada profissão ou especialidade, sem a excussão prévia de léxico mais vernáculo, conduz inevitavelmente ao ónus superveniente do inadimplemento genérico, praticamente como o seu estilicídio, da pretensão comunicacional pretendida.

30. Outra barbaridade que deves evitar é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde moras, carago!


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

 

O Próximo «Pastor-Chefe» dos Estados Unidos



Com o fim das “primárias” já próximo, em breve saberemos qual dos candidatos disputará nos campos Republicano e Democrata as eleições para ser o próximo Presidente dos Estados Unidos da América.

Qualquer que ele venha a ser, uma coisa é certa: será o líder mais poderoso do mundo e nas suas mãos e nas suas decisões estará muitas vezes – directa ou indirectamente – o destino de cada um dos habitantes deste planeta.

E qualquer que ele venha a ser, todos esperamos que nos faça esquecer bem depressa a loucura idiota e alucinada de George W. Bush, decerto o pior Presidente que os Estados Unidos já conheceram.
A insensata aventura da invasão do Iraque e todas as aldrabices com que se procurou justificá-la, a recusa da promulgação do Protocolo de Quioto, a ameaça permanente de novos conflitos mundiais, de que a permanente ameaça de invasão do Irão é um mortífero exemplo, o acentuar desumano das desigualdades entre os povos e entre os países ricos e pobres, e o mirífico défice das contas americanas, marcarão para sempre na História da Humanidade a presidência de George W. Bush.

A par disso, e quando já nos bastaria o fanatismo islâmico e os seus mortíferos atentados, e a situação de autêntico sequestro a que as democracias ocidentais estão actualmente sujeitas, o que é facto é que sob a presidência de Bush assistimos atónitos ao ressurgimento de novos fanatismos religiosos nos Estados Unidos e à crescente imposição de fundamentalismos cristãos, sejam eles católicos, evangélicos ou quaisquer outros, e até às mais despudoradas negociatas por parte de cientologistas ou de “psíquicos”, todos a enriquecer como nababos à custa da credulidade, da simplicidade, ou da fragilidade emocional das pessoas.

A todos eles move uma tarefa comum:
- A substituição do Estado laico e secular pela imposição a todos – crentes e não crentes – de regras mitológicas irracionais, de uma autêntica “sharia” cristã, com leis e princípios de discriminação, de ódio e de intolerância inspirados em obscuros escritos feitos pelos primitivos habitantes dos desertos do Médio Oriente, alguns vai para mais de 4 mil anos!

A insanidade vai a tal ponto, que nos tribunais superiores de alguns Estados americanos se procura agora impedir que o ensino do Evolucionismo seja substituído pelo Criacionismo. Mas não nas aulas de catequese: até mesmo nas próprias disciplinas de biologia das escolas e universidades!

Então o que poderemos esperar do próximo presidente dos Estados Unidos, seja ele John McCain, Mike Huckabee, Mitt Romney, John Edwards, Hillary Clinton, Barack Obama ou qualquer outro?

Mas basta dar uma olhadela ao filme (aqui ao lado) para vermos que as perspectivas não são nada optimistas:
Como um autêntico vírus que apodrece e corrói a lucidez das pessoas, a irracionalidade e a mitomania que traz às pessoas essa coisa cretina e alucinada, a que, com imbecil orgulho alguns chamam «fé», parece ter também infectado todos e cada um dos candidatos a próximo Presidente dos Estados Unidos.

O que podemos esperar do desempenho e da racionalidade, da clarividência e da lucidez do próximo Presidente americano, que será o homem mais poderoso do mundo, se à partida já sabemos que como fundamento filosófico da sua ideologia ele elege o Levítico ou o Deuteronómio, acredita em nascimentos de mulheres virgens, em milagres e reencarnações, e tem como modelo de virtude um Deus homofóbico e misógino, um Deus de guerra, de ódio e de morte?


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

 

Foi por interesse ou foi por amor?…



«Paulo Portas tem calotes políticos, que são dívidas de explicações que ele não dá aos portugueses».

Estas são as recentes acusações do ministro Jaime Silva a Paulo Portas, referindo-se ao caso Portucale, à venda do Casino de Lisboa e às fotocópias tiradas no Ministério da Defesa antes de Portas deixar o Governo.
E como a melhor defesa é o ataque, Paulo Portas anunciou já, muito indignado e ofendido, que vai processar judicialmente o ministro por estas afirmações.

Mas o ministro Jaime Silva tem razão: Paulo Portas, tem muitas explicações a dar ao país e muitos comentários a fazer às escutas telefónicas com origem no caso Portucale e num processo judicial que misteriosamente marca passo e origina arquivamentos parcelares a arguidos de personalidade mais mediática, como Luís Nobre Guedes.

Mas há mais explicações a dar e não só da parte de Paulo Portas.
Também o ministro Jaime Silva, o ministro da Defesa Nuno Severiano Teixeira e o próprio Procurador Geral da República deveriam explicar-nos se em Portugal há afinal cidadãos de primeira e de segunda e por que motivo um qualquer cidadão, por exemplo um qualquer sujeito de nome Paulo de Sacadura Cabral Portas pode tirar fotocópias a milhares de documentos classificados do ministério da Defesa e levá-los para casa, quando tal direito não seria nunca concedido a qualquer outra pessoa.

E Paulo Portas, Telmo Correia e Santana Lopes têm ainda muito mais que explicar.
Enquanto o país galhofa distraído sobre o gosto e a origem dos projectos arquitectónicos e de engenharia feitos (ou assinados) pelo Primeiro-ministro há mais de vinte anos, finalmente a pressão mediática levou a Procuradoria Geral da República a acordar da sua letargia e a abrir um Inquérito por suspeitas de favorecimento à «Estoril–Sol».

E os factos concretos são tão simplesmente estes:
Por força da alteração do artigo 27º da Lei do Jogo, com uma redacção despudoradamente encomendada e sugerida ao Governo de Santana Lopes pela própria «Estoril–Sol», o edifício de propriedade originariamente estatal onde agora funciona o «Casino de Lisboa», não reverterá para o Estado no final da concessão, tal como teria de suceder antes da alteração da lei.

Num complexo jogo de interesses ilustrado por escutas telefónicas curiosíssimas, o que é facto é que Paulo Portas, Telmo Correia e Santana Lopes levaram a cabo uma alteração à lei através de uma redacção encomendada por quem dela veio beneficiar.

E com esta simples apostilha «Visto. Tomei Conhecimento. Dê-se conhecimento ao requerente» feita por Telmo Correia, com um chico-espertismo bacoco de quem pensa que encaminha os acontecimentos num determinado sentido, mas que «se a coisa der para o torto» não sai comprometido, o que é facto é que uma empresa privada acabou por abarbatar ao Estado português um edifício de propriedade originariamente estatal que vale quase vinte milhões de euros.

E é a explicação deste benefício concreto a uma empresa privada, em detrimento dos interesses do Estado, que Paulo Portas, Telmo Correia e Santana Lopes têm de nos dar.

Porque, de facto, o benefício existiu e foi por eles concedido.
Agora só precisamos de saber se esse benefício foi concedido por interesse ou se foi simplesmente... por amor....


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

 

Deixai vir a mim as criancinhas…




domingo, 24 de fevereiro de 2008

 

«Mas Como»


«Mas Como» é o título do primeiro videoclip dos Storytellers, uma banda formada pelo Simão, Gonçalo, João Francisco, Pedro e Rui.

O videoclip é um trabalho do curso de cinema da Universidade Lusófona de Lisboa.
Por todo um conjunto de circunstâncias, é irresistível não o pôr aqui no Blog.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

 

Religion is Bullshit



No "post" anterior perguntava o que se deverá pensar de uma religião que abençoa a morte.

Nunca falha:
A resposta é recorrente e sempre a mesma: então e os ateus?

Já desisti de tentar fazer entender a pessoas que usam a sua fé como duas palas em frente aos olhos a irracionalidade deste comentário, ainda por cima dito assim com um gáudio um pouco babado e como se fosse a descoberta da pólvora.
Como fazer entender a esta gente que nunca houve nenhuma guerra em nome do ateísmo?
Como fazer entender a esta gente que se uma chacina ou um campo de concentração se devem a um qualquer facínora que é ateu, tal não significa que isso corresponda a uma prática ou a uma «filosofia ateísta» ou que os ateus devam como que partilhar essa responsabilidade.

Seria como criminalizar todos os homens que usam bigode porque Estaline e Hitler usavam bigode, todos os espanhóis pelas mortandades de Pizarro ou todos os americanos pelas cretinices de George Bush.

Como fazer entender a esta gente que quando tentam encontrar um qualquer paralelismo entre uma barbaridade praticada em nome do seu Deus e uma outra pretensamente praticada em nome do ateísmo não só não a «justificam» como... ainda a confirmam!
E com ela, afinal, se identificam!!!

E no final, claro está, nem uma palavra sobre o tema fundamental da questão: o que pensar, de facto, sobre uma religião que abençoa alguém que vai matar e as próprias armas com que o vai fazer?
O significado simbólico é inegável. E não carece de mais explicações.

E se no "post" se fala em concreto de um soldado americano a combater no Iraque, como explicar a alguém cuja fé, ou o mesmo é dizer, cuja irracionalidade lhe embota os sentidos, que não é pelo facto de a Igreja Católica não aprovar a guerra do Iraque ou pelo facto de o Papa ser ter manifestado contra ela, que fica esquecido o simbolismo de morte que é a bênção religiosa de um canhão que vai ser utilizado para matar homens, mulheres e crianças, agora como que sob uma espécie de beneplácito do Deus dos católicos?
Uma vez mais um simbolismo com que concordam e com o qual se identificam.

E que raio de argumento é esse de que a Igreja Católica e o Papa são contra a guerra do Iraque?
Será preciso fazer uma resenha histórica das guerras que a Igreja católica apoiou e das que foram iniciadas pelos próprios Papas? Será preciso falar das cruzadas? Dos passaportes diplomáticos do Vaticano oferecidos para os criminosos de guerra nazis fugirem para a América do Sul? Do apoio da Igreja às ditaduras por esse mundo fora, a começar por Portugal?

Quanto sangue correu já, quantas mortes, quanto sofrimento foram causados em nome de Deus e em nome dessa coisa estapafúrdia e imbecil que é a «fé»?

Que pensar de uma pessoa que, apesar disso, persiste em reafirmar essa fé e esse mesmo Deus de ódio, de preconceito, de sofrimento e de morte?

Talvez a melhor maneira de responder a tudo isso seja o humor e o sarcasmo.
Então, sendo assim, talvez seja melhor dar a palavra a um especialista na matéria, George Carlin, neste seu «stand up» intitulado «Religion is Bullshit».

Porque, de facto, é verdade: a religião é uma merda!


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

 

A Bênção da Morte



Pelo «Pharyngula» cheguei ao «Slate», um site onde um soldado americano a combater no Iraque relata a sua celebração da "Quarta-feira de Cinzas" pouco antes de sair numa missão, e conta como o padre católico lá do sítio o abençoou a ele e a todos os carros de combate da sua unidade.

Só uma pergunta:
- O que se deve pensar de uma religião (e também das pessoas que a professam) cujos ministros abençoam um exército antes de este ir combater e matar e chacinar os seus semelhantes, e abençoam até mesmo as armas de guerra com que o vão fazer?...


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

 

Às vezes…


…encontramos anúncios assim.



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

 

AVISO




quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

 

O Perfeito Casamento Católico





terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

 

Vai de Metro, Satanás!



Segundo noticia o «Washington Post» a Igreja Católica da Polónia anunciou no passado mês de Dezembro que na cidade de Poczernin vai ser construído o único centro da Europa exclusivamente dedicado à prática de exorcismos.

Sob a responsabilidade do padre Andrzej Trojanowski, ele próprio um confesso especialista em exorcismos, e com o apoio entusiástico da Igreja polaca, o centro será edificado para ser uma espécie de “Oásis Espiritual” que ajudará não só os polacos mas também pessoas de todo o mundo que pretendam libertar-se da possessão de forças demoníacas e até do próprio Diabo.

Clientes não faltarão a este beatífico oásis.
De facto, nos últimos anos tem-se assistido a um recrudescimento de práticas exorcistas, especialmente nos países de maior influência católica.
Ainda em Julho passado se realizou na Polónia o 4º Congresso Internacional de Exorcistas, calculando-se que existam naquele país cerca de 70 padres especializados na prática do exorcismo e cerca de 300 só na Itália.

Como é sabido o Papa João Paulo II levou a cabo ele próprio pessoalmente diversos exorcismos (com resultados que nunca foram divulgados), e sabe-se agora que o Papa Bento XVI não fica atrás do seu antecessor no entusiasmo por estas práticas de luta contra o Demo e outros espíritos malignos.

Logo no início do actual pontificado foi criado na Universidade Católica de Roma uma espécie de «curso superior de exorcismo» que é frequentado por alunos vindos de todas as partes do mundo.

Como seria de esperar, este “centro de exorcismos” ou “Oásis Espiritual”, como lhe queiram chamar, conta já com a ajuda e o «apoio teológico» do Vaticano.

Uma coisa é certa:
Se abstrairmos do absurdo, do ridículo e da infantilidade de tudo isto, não há dúvida de que esta coisa do catolicismo está cada vez mais engraçada!


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

 

Fundamentalista





sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

 

O preço de ser ateu…


...ou como a fé é uma coisa assim tão bonita...



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

 

Evacuação Precoce



O pastor Ted Haggard será talvez o exemplo mais paradigmático da curiosa coincidência que existe entre o fanatismo religioso e a intolerância e o preconceito.
E como cada vez mais parece que para se ser uma pessoa assim de «muita fé» é necessário, antes de mais nada, ser-se tarado sexual.

Conhecido pela sua fanática e militante homofobia e pelas suas violentas verborreias contra tudo o que envolvesse sexo, e principalmente, como é bom de ver, a homossexualidade, Ted Haggard foi sumariamente despedido da «New Life Church» e da presidência da Associação Nacional das Igrejas Evangélicas americanas quando em Novembro de 2006 foi descoberto que, afinal, recorria regularmente aos «serviços» de um prostituto masculino, e assim voltava as costas àquilo que ele próprio pregava.

Depois disso, foi anunciado que o bom pastor tinha aderido a um programa de «recuperação» da sua homossexualidade baseado essencialmente em terapia e muita, muita, muita oração.

Mas agora, a «Colorado Springs Gazette» noticia que a «New Life Church» anunciou que a “recuperação espiritual” de Ted Haggard não foi bem sucedida e foi, por isso, dada como precocemente terminada, e que, assim, se irá manter a decisão de o afastar dos púlpitos.

Parecem óbvias duas conclusões a retirar desta história:

- Em primeiro lugar, parece que, de facto, a homossexualidade «não tem cura»...

- Em segundo lugar, parece que, de facto, se deverá bem mais do que a uma sólida «educação judaico-cristã», a um simples preconceito religioso ou até bem mais do que a uma simples coincidência, a intolerância, a violência e o preconceito com que certas pessoas persistem em encarar todos os assuntos que se relacionem com o sexo, de um modo geral, e com a homossexualidade em particular.

Se dúvidas houvesse, bastaria somente vermos Ted Haggard, esse pobre pastor incurado, coitado, neste pequeno filme já aqui mesmo ao lado ->


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

 

Watergate Com Migas



É este o título do artigo de Mário Crespo no «JN» da passada segunda-feira.

«Há qualquer coisa que me deixa muito inquieto quando leio mais este folhetim sobre o passado de José Sócrates.
Folhetim é um termo com cargas. Eu uso-o em escolha consciente porque os episódios desse passado têm vindo um a um, em sessões servidas pela manhã num verdadeiro reality show que depois é amplificado pelo dia fora em compactos e digests servidos multimédia entre sussurros de que "ainda vem aí pior".

Neste último folhetim o guião inspira-se no Portugal do princípio dos anos 80. O Engenheiro José Sócrates (desta vez não há dúvidas sobre o título académico) era funcionário de uma câmara e o seu pecado era, como o de quase todos os outros portugueses na altura, ter mais de um emprego no esgravatar geral por um Escudo a mais nas sempre magras tabelas do funcionalismo público.
Pelo que li, José Sócrates trabalhava na Câmara e fazia projectos para fora numa área onde não havia qualquer incompatibilidade funcional.

Estes múltiplos empregos eram norma em Portugal quando cá cheguei. Vim da África do Sul, aterrando em Lisboa alta madrugada, num voo de imigrantes com escala no Zaire.
Comecei por ficar apreensivo com o facto de Kinshasa ter mais luz à noite do que Lisboa vista do ar, naqueles tempos em que a segunda circular era iluminada com bruxuleantes candeeiros acesos alternadamente para poupar energia. Estávamos em pleno período da duríssima austeridade imposta pelo Fundo Monetário Internacional que nos controlava tanto como a qualquer país estouvado do terceiro mundo e, na época pré-comunitária, provavelmente era isso que Portugal era.

Depois aprendi que um tanque de gasolina era uma parte substancial do meu ordenado. Ser jornalista naqueles tempos, para muitos camaradas, era trabalhar de manhã na rádio, a meio do dia na Anop, à tarde na televisão e à noite num dos jornais estatizados onde um cartão de partido garantisse uma qualquer sinecura para colmatar a inflação de dois dígitos.
Conheci muita gente com este regime de trabalho.

Como eu não tinha na altura encargos familiares e trazia as economias da emigração consegui aguentar-me bem com um só emprego e uns biscates que ia fazendo com crónicas de madrugada para a Rádio da África do Sul e para a Voz da América.

Conto tudo isto para recordar que nos anos oitenta este era um país muito diferente.
O que era legítimo e aceitável fazer-se na altura seria impensável hoje. Por isto acho imoral estar-se a fazer juízos em 2008 e a procurar consequências políticas de comportamentos absolutamente generalizados há um quarto de século.

Tanto mais que, pelo que li até agora, esses comportamentos não configuraram qualquer espécie de ilícito criminal. Eram tempos diferentes com leis diferentes e práticas diferentes.
Na altura os engenheiros podiam dar o seu aval técnico a aspectos estéticos que hoje são (e bem) da competência da arquitectura.
Parece-me importante destacar aqui que, bons ou maus, se os projectos estavam assinados pelo Engenheiro Sócrates, eram responsabilidade final dele, logo, eram dele. Qualquer outra conclusão ou é sofisma, ou demagogia, ou outras coisas.

Na altura era prática corrente a obra ser feita de raiz por apenas um técnico academicamente credenciado. José Sócrates tinha essas credenciais.
Também não deixa de ser irónico que tenham sido levantadas questões de "carácter" sobre José Sócrates por um desastrado upgrade académico numa universidade que caiu em descrédito e que agora as questões de "carácter" sejam levantadas pelo exercício da profissão para a qual ele está, afinal de contas, academicamente credenciado, o que já ninguém disputa.
A estética das obras, essa era (e ainda é) a estética do Portugal rural. Não vamos crucificar um técnico por um mal nacional.

Claro que é engraçado este jornalismo de ASAE numa eterna busca de um Watergate com migas à moda da Guarda.
É engraçado mas não tem piada.

Por tudo isto começam a repugnar-me estes autos de fé ruidosos, deslocados no tempo, cruéis e sobretudo inconsequentes. A inconsequência advém de não haver ilegalidades.
A ser uma questão de "carácter" perdida no tempo, só servirá para as eleições.

Não é um bocadinho cedo para isso?».


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

 

Manuel Buíça e Alfredo Costa – Mártires da liberdade



Com a devida vénia, aqui reproduzo o texto do meu amigo Carlos Esperança publicado hoje no «Ponte Europa» e também no «Diário Ateísta»:


A Guerra dos Trinta Anos, uma das guerras religiosas mais prolongadas e devastadoras da Europa (1618/1648), quando os príncipes tinham o direito de impor as suas crenças aos habitantes dos seus domínios, custou milhões de mortos.
Só a Alemanha perdeu metade da população, reduzida de 16 para 8 milhões de habitantes.

Foi longo o sofrimento que conduziu à Paz da Vestfália, em 24 de Outubro de 1648, em que pela primeira vez é reconhecida a liberdade religiosa a protestantes e católicos sem que a conversão dos príncipes obrigasse à dos súbditos.
Foi sangrenta a conquista da liberdade religiosa pelos luteranos e calvinistas mas o totalitarismo católico foi vencido, as fronteiras foram redefinidas e a secularização avançou.
Ninguém se alegra hoje com a carnificina mas todos beneficiamos da liberdade então dolorosamente alcançada.

A Revolução Francesa pôs termo a um regime de mais de quinhentos anos e extirpou as raízes que eram obra da Igreja católica com mais de mil e duzentos anos. Em 1789 começou uma década em que o Iluminismo destruiu a autoridade do clero e da nobreza, aboliu o absolutismo monárquico e abriu as portas aos modernos Estados democráticos.

Ninguém exulta com o terror então vivido, com o sangue, a violência, as retaliações e, muito menos, com a decapitação de Luís XVI e de Maria Antonieta, mas aboliram-se o feudalismo, a monarquia, o absolutismo, o poder do clero e da nobreza e começou a Idade Contemporânea que os historiadores datam em 1789.
A Revolução produziu as mais profundas transformações políticas, económicas e sociais de sempre, além de ter estado na génese da independência dos países da América Latina.

O dia 14 de Julho – tomada da Bastilha –, é justamente o dia nacional da França.

Em 1 de Fevereiro de 1908, a degradação ética, o caos económico e a bancarrota, eram em Portugal o saldo da ditadura de João Franco, em clima de vindicta política – prisões arbitrárias, fecho do Parlamento, encerramento de jornais, julgamentos sumários e anunciadas deportações em massa de adversários políticos, monárquicos e republicanos.

Instalou-se o terror após a suspensão da Carta Constitucional que o rei assinou com a frieza com que premia o gatilho na caça às perdizes e o entusiasmo com que apoiava a ditadura de João Franco desde 1906.

Manuel Buíça e Alfredo Costa evitaram o desterro e a morte de numerosos portugueses, pondo fim à ditadura opressora, e abriram o caminho para a implantação da República, desgraçadamente à custa das vidas de D. Carlos, do príncipe herdeiro e deles próprios, sonhando com a República sob os escombros da monarquia que agonizava e a que vibraram um golpe fatal.

O assassínio é inaceitável, como insuportável era a repressão do ditador João Franco e a cumplicidade real.
Por isso se lamentam as trágica mortes reais e a brutalidade exercida contra os regicidas mas, tal como o Mestre de Avis, os conjurados de 1640 e Machado Santos, Manuel Buíça e Alfredo Costa merecem um lugar no altar da Pátria que amaram e no coração da República por cujos ideais se imolaram.


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