domingo, 16 de novembro de 2008

 

De pequenino se manipula o pepino



Entre cerimónias rituais de arremesso de ovos à ministra da Educação e de manifestações, greves e protestos um pouco por todo o país, desta vez são os alunos que reclamam contra as políticas ministeriais que dizem que os afectam de uma forma que não podem tolerar.

Pois bem:
Depois de uma olhadela ao «Estatuto do Aluno» e depois de tentarmos perceber pela comunicação social o que pretendem os alunos, fica-se a saber que estes protestam basicamente contra as aulas de substituição, contra os exames nacionais e contra o novo regime de faltas.

E isto, de facto, deixa qualquer um atónito!

Com que então, os alunos querem voltar a partilhar com os professores o regabofe do “dolce fare niente” dos furos resultantes das (inúmeras) faltas dos professores;

Com que então, os alunos estão solidários com os seus professores nessa bizarra mania de acharem que as suas funções estão acima de qualquer escrutínio e de qualquer forma de avaliação de desempenho;

Com que então, os alunos querem dar faltas – justificadas ou injustificadas – sem que disso decorram quaisquer consequências.
Uns faltam, outros vão às aulas, e no fim é tudo a mesma coisa.

Vêem-se então nas televisões alunos a empunhar cartazes que dizem que quem fica doente, chumba.
O que é uma redonda mentira!

Acontece que o «Estatuto dos Alunos» prevê que quem falta às aulas fica obrigado a demonstrar que as faltas que deu – tenham ou não sido justificadas - não interferiram na sua aquisição dos conhecimentos previstos no programa da disciplina ou na progressão da sua aprendizagem.
Prevê ainda que, caso isso tenha porventura acontecido, os alunos faltosos poderão beneficiar de um «plano de recuperação» estabelecido pela sua escola.
Depois, esses alunos faltosos serão então submetidos a um programa especial de avaliação que procurará apurar que essa recuperação foi conseguida. Obviamente, só chumbarão se dessa avaliação resultar que os alunos nem assim conseguiram adquirir os conhecimentos suficientes para transitarem de ano.

Ora, isto parece-me um plano avisado e bastante sensato.

E só não pensará assim quem quiser defender que os alunos que tiverem dado um grande número de faltas durante um ano lectivo poderão transitar de ano mesmo sem saberem peva do programa, mas desde que as faltas que tenham dado sejam devidamente... justificadas.

Defender isto é uma aberração tão grande como ser contra os planos de recuperação ou ser contra as aulas de substituição ou os exames.

O que isto significa, é que é óbvia a manipulação, agora dos estudantes, por parte de quem há vários anos já anda a fazer o mesmo aos professores.

Reféns de meias dúzia de palavras de ordem mais ou menos sonantes e frequentemente falsas ou vazias de significado, chegou agora a vez de os alunos seguirem acriticamente e como carneiros os seus próprios professores, embarcando até nas mesmas ilegalidades, sem sequer se aperceberem que não passam de meros joguetes de uma nítida táctica de terra queimada levada a cabo em nome de uma sabuja luta político partidária.

Então, para isto só há mesmo um remédio:

- Senhora ministra: por favor, não desista!




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