segunda-feira, 9 de junho de 2008

 

A Triste e Miserável Imbecilidade da Fé



O Sr. Manuel Morilla é o Presidente da Câmara Municipal de Morón de La Frontera, uma pequena cidade a Sudeste de Sevilha e foi eleito nas listas do PP com maioria absoluta.

Acontece que o Sr. Presidente da Câmara Manuel Morilla é um profundo devoto da Virgem Maria Auxiliadora.

Assim sendo, o Sr. Presidente da Câmara não achou nada melhor do que pegar na maioria absoluta que o elegeu e decidiu proclamar a sua querida Virgem Maria Auxiliadora como «Presidenta da Câmara Honorária» da mui nobre cidade de Morón de La Frontera.

No pequeno filme aqui ao lado podemos assistir à sessão camarária e ao imenso regozijo manifestado pelo Sr. Presidente, pelos vereadores e pelos fiéis presentes nos Paços do Concelho com a aprovação da proposta.

Podemos ainda ver o Sr. Presidente incitar os seus apaniguados e fiéis da Virgem Maria Auxiliadora e a pedir-lhes auxílio para apuparem e assobiarem os vereadores da oposição que tinham votado contra a proposta e a quem, entre duas gargalhadas, ainda disse: «aqueles que não crêem em Deus são uma minoria que não merece ser tida em consideração».

Finalmente, já no fim da sessão, ainda podemos ver o Sr. Presidente da Câmara Manuel Morilla a abandonar a sala e a marchar todo muito garboso à frente de uma bonita procissão de fiéis, todos a entoarem piedosamente e com imenso fervor o hino da Virgem Maria Auxiliadora.

Confesso que não me ocorrem palavras suficientemente adequadas a comentar esta tristeza, esta sabuja reverência perante o irracional.

Talvez então seja melhor recorrer a Friedrich Nietzsche e aqui deixar simplesmente esta citação, que assim de repente me veio à memória e que fui buscar à «Imprecação Contra o Cristianismo»:

«O problema… não é o de saber o que deve substituir o homem na sequência dos seres vivos (o homem é um fim), mas sim que tipo de homem se deve cultivar, se deve querer, como sendo de mais alto valor, mais digno de viver, com futuro mais garantido.

«Esse tipo de mais alta valia já existiu com bastante frequência, nunca como desejado.

«Pelo contrário, foi precisamente ele o mais temido, pouco faltou, até agora, para ser aquilo que era temível – e, a partir desse temor, foi desejado, cultivado e conseguido o tipo inverso: o animal doméstico, o animal gregário, o homem como animal doente – o cristão…».




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