sábado, 19 de abril de 2008

 

O Papa Bento XVI e o «ministério sacerdotal» dos pedófilos



O Papa Bento XVI está de visita aos Estados Unidos.

Se alguma coisa este Papa tinha como certa, era que mal pusesse os seus sapatinhos vermelhos em solo americano não haveria alma penada que não lhe atirasse à cara os sucessivos escândalos de pedofilia praticada pelo clero católico naquele país.

Mas o gajo é esperto: vai daí, para esvaziar as críticas de sentido, começou logo ele próprio a falar no assunto.
E mesmo antes de chegar aos Estados Unidos já toda a gente sabia que iria pedir desculpa às crianças vítimas dos padres tarados sexuais (passe a redundância) que os seminários católicos são peritos em amestrar, e que isso seria, de facto, a única forma "desactualizar" os ataques que aí vinham.

E assim foi: ainda ia a bordo do avião que o levaria a Washington, já Ratzinger grasnava que «a Igreja Católica “tem muita vergonha” pelos escândalos dos padres pedófilos nos Estados Unidos».

Deixando certamente atazanados os fiéis católicos que durante anos bramiam que era tudo mentira e que tudo não passava de uma grande cabala inventada pelos ferozes ateus que não gostam de canto gregoriano, o Rottweiller de Deus fez aquela carinha de santo inocente que usa quando quer fazer parecer às pessoas que está a falar muito a sério, e não hesitou em pedir desculpa às vítimas dos alucinados sexuais a quem a Igreja comete as funções de rezar missa e guiar os católicos no seu auto-amesquinhamento semanal às diversas entidades imaginárias que constituem a mitologia católica.

Talvez o único católico deste mundo que não deve ter insónias (para além dos padres pedófilos, claro está) seja mesmo o João César das Neves que tem uma fé tão grande, tão grande, que é capaz de acreditar nas duas coisas ao mesmo tempo: que é de facto tudo mentira e que não há nenhuma pedofilia na Igreja, e também que o Papa é uma personalidade tão santa e gigantesca que fez muito bem em pedir desculpa às vítimas dos pedófilos.

Foi de facto eloquente o Papa Bento XVI.
Por isso, não hesito em aqui colocar duas fotos alusivas a esta brilhante e prosélita viagem às terras de George W. Bush, uma alma gémea com quem decerto se vai entender muito bem.

Já aqui abaixo, a foto do lado esquerdo retrata o Papa a proferir estas sábias, sinceras e honestas palavras de homem de Deus:
«A Igreja fará todo o possível para curar as feridas causadas pelos padres pedófilos e garantir que tais comportamentos não se repetirão» e ainda que «a Igreja devia absolutamente excluir os pedófilos do ministério sacerdotal, porque eles não podem ser padres».

Que bonito, não é?



Pois bem: ao lado do Papa, podemos ver na foto do lado direito o Cardeal Bernard Law que durante 18 anos foi arcebispo de Boston.
Durante todo esse tempo Bernard Law ocultou e protegeu uma boa dúzia de padres pedófilos que ia transferindo sucessivamente de paróquia, somente para que começassem as suas tenebrosas violações noutro local, e para começar tudo de novo mal lhe soava que estava para rebentar mais um escândalo.

Graças à conivência e à criminosa cumplicidade do Cardeal Bernard Law para com os tarados sexuais que tinha como clero, dezenas e dezenas de crianças foram abusadas e viram as suas vidas indelevelmente marcadas e certamente destroçadas para todo o sempre.

E a foto do Cardeal Bernard Law fica muito bem ao lado da foto do Papa Bento XVI.
Principalmente esta foto aqui ao lado em que estão assim muito queridos os dois aos beijinhos!

Porque enquanto o Papa rosna despudoradamente que «a Igreja devia absolutamente excluir os pedófilos do ministério sacerdotal», o Cardeal Bernard Law vive tranquilamente refugiado no Vaticano, bem quentinho e a coberto dos mandatos de captura das autoridades judiciais americanas, enquanto desempenha cargos tradicionalmente tidos como honoríficos e só entregues a quem merece do Papa reconhecimento e admiração.
Como sejam, por exemplo, arcipreste da Basílica de Santa Maria Maggiore, para além de ser membro de cinco congregações, presidente de três Institutos e finalmente, e como se ainda não bastasse, tem ainda uma ocupação que lhe assenta como um preservativo: é Presidente do... Conselho Pontifical para a Família.

É tão giro ser católico, não é?...




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