quarta-feira, 4 de julho de 2007

 

Os filhos da puta



É raro, mas às vezes acontece.
E agora parece que aconteceu outra vez.

Ou é impressão minha ou todo o país é da mesma opinião: o Governo parece ter perdido o bom senso e, ainda por cima sem necessidade nenhuma, anda estupidamente a dar o flanco à oposição.
E, à míngua de assuntos ou de políticas de fundo para criticar seriamente (ou até por pura e simples incompetência), a oposição, claro está, atira-se a isto como gato a bofe.

E a mensagem que passa para o público, seja isso verdade ou não, é que, como diz João Miguel Tavares no «Diário de Notícias»:
«O Governo aparece travestido de carrasco da liberdade de expressão, a chicotear o lombo a quem se atreve a pecar contra essa extraordinária coisa a que chama devotamente "autoridade do Estado"».

E quando (penso eu também que é opinião generalizada) todos esperávamos que o Primeiro-ministro José Sócrates, tido como pessoa de bom senso ou, pelo menos, com fama de possuir um sagaz sentido político, pusesse, ele próprio e em pessoa, ordem na casa, eis que é ele, desta vez, quem apresenta queixa em tribunal contra o autor de um blogue.

E então a sensação não podia ser diferente.
E o mesmo articulista do «DN» parece uma vez mais resumir o que todos nós andamos a pensar quando deseja que um dia sejamos «governados por gente que perceba que reformar é o seu trabalho natural, e que ao mesmo tempo possa ouvir uma crítica sem de imediato soltar os cães».

O Partido Socialista, de um modo geral, e o Governo, em particular, têm de perceber que em todo o mundo democrático os políticos tem de se «aguentar à bronca» com os boatos, com os insultos mais ou menos pessoais e com as insinuações mais ou menos torpes ou cobardes que lhes chegam dos cidadãos.
Porque isso como que «faz parte» das suas funções e é quase conatural não só ao desempenho de um cargo político como é também consequência frequente para qualquer pessoa que, por uma forma ou de outra, passa a ser alvo da atenção mediática.

E a maior parte das vezes (talvez nem sempre, sim) o remédio para isto é só um e resulta do mais básico bom senso: ignorar pura e simplesmente as acusações, a chacota e os insultos, que eles depressa serão esquecidos e, assim, num ápice se esvaziarão de sentido.

Persegui-los criminalmente ou com processos disciplinares, é não só repisar no assunto e fazê-lo regressar vezes sem conta à ordem do dia, como dá ainda a sensação de perseguição política, de censura e de limitações absurdas e claramente ilegais por parte do Governo à liberdade de expressão dos cidadãos.
E às vezes até já se ouve falar em "bufaria" e dizer, pasme-se, que qualquer dia aparece por aí uma nova PIDE...

E é, por isso, está bom de ver, um tremendo erro político!
A oposição em peso tem, por isso, toda a razão quando critica o Governo por mais esta autêntica absurda calinada.

O Governo e José Sócrates em particular têm de perceber que, independentemente da tremenda injustiça de que pessoalmente possam ser alvo, é antes de mais uma cretinice política de todo o tamanho despedir uma directora por causa da porcaria de uma fotocópia afixada numa parede, participar criminalmente contra o autor de um blogue que acusou o Primeiro-ministro de falsificação ou até despedir um professor só porque simplesmente lhe chamou... «filho da puta».

Deixem os gajos em paz e não lhes liguem, porque se não é pior a emenda que o soneto!!!

E então esta última é de bradar aos céus: se cada vez que um cidadão chamasse «filho da puta» a um governante, ou a um político qualquer, fosse perseguido criminalmente, metade do país estava preso!
É isso que o Governo, José Sócrates e todos os políticos deste país têm de perceber.

E pronto:
Era isto basicamente o que eu tinha a dizer sobre este assunto.
Muito mais haveria a dizer, mas fica para a próxima, que agora não há muito tempo para blogar.
Por isso aos poucos irei aqui falando de outros políticos ou personalidades públicas.

Agora, já falei do «filho da puta» do Sócrates.
Depois hei-de falar do «filho da puta» do Marques Mendes; do «filho da puta» do Paulo Portas; do «filho da puta» do Jerónimo de Sousa; do «filho da puta» do Francisco Louçã e de todos os outros «filhos da puta» dos políticos do nosso país.

Tudo isto sem me esquecer de voltar de vez em quando a falar do «filho da puta» do Papa, claro está.

Fica prometido!




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