sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

 

Dia Mundial da SIDA



Hoje é o dia mundial da SIDA.

Quase 30 anos depois de ter sido detectado o primeiro caso de infecção com HIV em Portugal, o nosso país continua a ter um dos piores indicadores sobre o aumento do número de infecções em toda a Europa: todos os anos são detectados 251 novos casos.

Desde 1981 calcula-se que a SIDA tenha constituído a causa de mais de 25 milhões de mortes em todo o mundo, sendo certo que actualmente vivem cerca de 40 milhões de pessoas infectadas com o vírus do HIV.
Mas o número de infecções continua a aumentar a nível mundial: só este ano morreram 3 milhões de pessoas com SIDA, 72 por cento das quais em África.

Assim, cada iniciativa, cada chamada de atenção para esta autêntica pandemia será importante para contrariar o crescente número de novas infecções, e poderá até encorajar e contribuir para descobertas científicas que conduzam à cura deste infernal flagelo.

Em Portugal esta efeméride será aproveitada para o lançamento de um novo programa governamental de prevenção.
Em todo o mundo agências governamentais, principalmente em países com maiores taxas de infecções, a ONU e inúmeras ONG’s colaboram activamente na distribuição de medicamentos e em campanhas de prevenção, quer através de esclarecimentos sobre a terrível realidade da doença, quer através de distribuições intensivas de preservativos.

Também em todo o mundo, principalmente nos países e regiões onde tradicionalmente tem maior implantação e influência, a Igreja Católica tem tido uma palavra a dizer sobre a SIDA e sobre os milhões de mortes que esta já causou.

Para já, o Papa Bento XVI apelou ao inestimável e precioso «conforto do Senhor» para os doentes e suas famílias, ao mesmo tempo que encorajou «as múltiplas iniciativas que a Igreja sustenta neste campo».

E que múltiplas iniciativas são estas?
Para já, o Vaticano anunciou um «diálogo» entre o Conselho Pontifício e a Congregação para a Doutrina da Fé (designação eufemística para Santa Inquisição) sobre o carácter «científico e moral» do uso do preservativo.
Neste «diálogo», por exemplo, foi lançado o debate sobre uma eventual «permissão» para o uso do preservativo «em casos particulares e limitados, como a situação de casais em que um dos membros está contaminado pelo HIV».
Terminado o «diálogo», as conclusões não podiam ser mais explícitas: a Igreja Católica Apostólica Romana continua a ser inabalavelmente contra o uso do preservativo, quaisquer que sejam os casos ou as circunstâncias.

Depois, que não se pense que «as múltiplas iniciativas que a Igreja sustenta neste campo» se resumem ao tal «diálogo».
Não!
Muito pelo contrário, a Igreja Católica continua a manter campanhas em diversos países de África de queimas rituais de milhares dos preservativos que são distribuídos às populações pelos respectivos países, e a convencer os seus fiéis que o preservativo é um instrumento do demónio e que o seu uso não conduz senão às eternas penas do inferno.

De facto, e temos de o admitir, trata-se de uma posição absolutamente coerente por parte da Igreja Católica:
Se ao longo dos seus dois mil anos de história a Igreja Católica sempre desprezou as pessoas, se sempre considerou os dogmas e a sua doutrina bem mais importantes que a vida humana, e se mesmo ainda hoje admite a pena de morte no seu catecismo, como poderia alguém esperar que, mesmo havendo no mundo 40 milhões de infectados, a política da Igreja Católica em relação à SIDA fosse agora diferente?

Os católicos de todo o mundo devem estar mesmo muito orgulhosos com esta maravilhosa coerência da sua Igreja...




<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com