quarta-feira, 26 de julho de 2006

 

A Bomba do Dia



A notícia bombástica do dia: Manuel Alegre recebe uma pensão de 3.219,95 euros.

A revelação bombástica do jornalismo português do dia: a pensão que Manuel Alegre recebe é relativa ao trabalho que durante três meses efectuou na RDP.

Claro que ninguém se preocupou em apurar a veracidade e a exactidão da notícia: o título era bom demais para ser desperdiçado!
Vai daí, sob a capa de uma espécie de combate político em que tudo vale, enlameia-se a honorabilidade de um cidadão só porque ele não encaixa lá muito bem nas cores políticas mais convenientes à linha editorial do jornal.

Para quê lembrar as pessoas que o cidadão tem mais de 70 anos de idade?
Para quê esclarecer que, como qualquer outra pessoa com essa idade que descontou mais de 30 anos para a Segurança Social, esse cidadão tem direito a uma reforma?
Para quê explicar que o tempo de trabalho na RDP, por pouco que seja, representa necessariamente uma parcela proporcional – e por isso exígua – da totalidade da sua pensão?
Para quê informar que, mesmo assim, Manuel Alegre só desfruta da pequena parcela da pensão a que tem direito que pode acumular com o seu salário de deputado?

Basta conhecer a pequenez e a mesquinhice típica de tanta gente, e a notícia espalha-se como pólvora.
E cola-se indelevelmente ao visado para o resto da vida.

E como cada país tem o jornalismo que merece, também cada país tem a oposição que merece.

Vai daí, uma vez mais a reboque dos tablóides, o nosso brilhante líder da oposição, Marques Mendes, veio exigir explicações sobre a reforma de Manuel Alegre, e não hesitou em declarar alto e bom som:
«Se não houver uma explicação minuciosa e convincente pode parecer que estamos perante uma imoralidade, e aos olhos das pessoas, mesmo perante um escândalo. Numa altura em que as pessoas estão preocupadas com as pensões e com a diminuição das pensões de reforma para o futuro».
Muito bem!

Por isso, com a coerência e a honestidade política que se reconhecem a Marques Mendes, aguardam-se a todo o momento as mais rigorosas declarações do líder do PSD sobre a reforma de Mira Amaral, que no tempo do Governo de que Marques Mendes fazia parte passou auferir a pensão de 18.156 euros mensais por dois anos de serviço na Caixa Geral de Depósitos.




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