segunda-feira, 31 de outubro de 2005

 

O Referendo



É minha profunda convicção que a questão do aborto deveria ser definitivamente resolvida através de uma iniciativa legislativa na Assembleia da República.
Como é minha convicção que tal só ainda não sucedeu por manifesta falta de coragem política!

Contudo, estou perfeitamente de acordo com a decisão de José Sócrates: as promessas eleitorais são para cumprir. Até porque já foram violadas as suficientes.
Se durante a campanha eleitoral o P.S. se comprometeu politicamente a tomar uma decisão sobre a alteração à lei do aborto somente após um novo referendo, deve respeitar escrupulosamente tal compromisso.

Embora esteja também persuadido que tal compromisso não deixe só por si de significar falta de coragem política... precisamente para não o tomar!

Até porque o referendo anteriormente realizado não foi vinculativo por falta de participação, o que teria aberto a porta da legitimação política para uma decisão exclusivamente parlamentar.

E que nos faz cair uma vez mais no velho costume português de arranjar sempre uma desculpa qualquer de última hora, que nos permite não tomar uma decisão...

Ora, desde que o PS tomou a iniciativa de relançar o referendo sobre o aborto, que a questão se debruçou exclusivamente sobre a legalidade e sobre a oportunidade técnico-jurídica da sua realização imediata, com acesas discussões sobre os conceitos de «legislatura» e de «sessão legislativa».
E também sobre a bizarra teoria de que as sessões legislativas iniciadas após eleições antecipadas se prolongam para a sessão legislativa seguinte, com ela formando uma só, assim uma espécie de «super-sessão legislativa» maior que todas as outras...

Mas, o que é curioso, é que os doutos pareceres proferidos sobre o assunto, por mais rigorosos e técnicos que se revelassem, desde logo se dividiram entre «esquerda» e «direita».

Por outras palavras:
Quem era, de princípio, a favor da alteração da actual lei do aborto, apareceu a defender a legalidade da realização imediata do referendo: havia nova sessão legislativa;
Pelo contrário, quem era contra a alteração da lei veio defender que o referendo não se podia realizar já: estamos ainda na mesma sessão legislativa.

O que (e face às sondagens que se conhecem já sobre o tema), não deixa, de facto, de ser uma coincidência extremamente curiosa e bem reveladora da sapiência, do rigor técnico e da honestidade política e intelectual dos nossos políticos:
- os de esquerda a favor da legalidade do referendo;
- os de direita contra a legalidade do referendo.

Só que, agora que o Tribunal Constitucional se pronunciou sobre a inconstitucionalidade de novo referendo antes de Setembro de 2006, porque raio é que falam de derrota política deste ou daquele e andam a fazer de conta que não sabem que – também no Tribunal Constitucional – não ocorreu, como se esperava, uma decisão exclusivamente técnico-jurídica, e se passou precisamente a mesma coisa?...


domingo, 30 de outubro de 2005

 

Tunisian Rose



Pela segunda vez consecutiva uma equipa portuguesa venceu o famoso raid de todo-o-terreno «Tunisian Rose».








(Clicar nas imagens para as ampliar)


sábado, 29 de outubro de 2005

 

Que se lixem (por outras palavras)



Simplesmente brilhante, Victor Lazlo no «Frangos Para fora»:


«Que se fodam os taxistas que fazem as rotundas do Marquês e do Relógio por fora, os Presidentes de Câmara que roubam mas "fazem" e todos os munícipes que votaram neles.
Que se fodam todos aqueles que se queixam que os ricos fogem ao fisco mas que nunca pedem factura, os porcos que cheiram mal no metro, os empregados que atendem mal os clientes e os patrões que tratam mal os empregados.
Que se fodam os verdes da EMEL e os polícias caçadores de multa, os pedófilos, necrófilos e os frouxos.
Que se fodam as gajas armadas em pudicas e os gajos que preferem as gajas armadas em pudicas, mais as suas mães castradoras e os seus pais moralistas de pacotilha.
Que se fodam os trabalhadores da função pública que querem manter regalias que os outros não têm só porque são da função pública, os sindicalistas profissionais que exigem mais protecção para quem já está empregado à custa da criação de emprego e daqueles que não o têm.
Que se fodam os tristes que trabalham todos os dias da semana mais o fim-de-semana sem que tal seja necessário, os fanáticos de futebol que vivem o jogo como se fosse a única razão de viver e os desempregados que preferem ficar em casa a aceitar um emprego que consideram incompatível com a dignidade ilusória que têm de si.
Que se fodam os gajos que confundem as corridas de Daytona com a Segunda Circular. Deviam ser presos e ter o Luisão a fazer de Nascar no esfíncter deles.

Todos os outros, tenham uma boa semana».

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

 

O Louvor a Cavaco



Cavaco Silva apresentou esta quinta feira o seu manifesto eleitoral.

Não que fosse preciso: os apoios incondicionais a Cavaco estão já perfeitamente encontrados, qualquer que seja o seu programa político, qualquer que seja o «contrato político» que se proponha celebrar com aqueles cujo voto pretende.

Aliás, Cavaco Silva bem sabe que qualquer definição política que se “descaia” a proferir só lhe poderá ser prejudicial.
Se a indefinição dos “tabus” e o longo tempo a navegar nas meias águas do cinzentismo político o levaram à cabeça das sondagens, a frontalidade política só poderia roubar-lhe votos.

Por isso, o seu manifesto eleitoral não passa de um conjunto de generalidades e banalidades. De tal forma, que ouvi um comentador político dizer que fazia lembrar... o de Mário Soares.

É curiosa esta reincidência no apelo a Cavaco, assim numa espécie de “sebastianismo” tão recorrente para os portugueses, sempre à procura de um “Salvador da Pátria” que nos tire da desgraça.
Porque nós sozinhos não somos capazes...

E é interessante a falta de memória daqueles que agora, e uma vez mais, principalmente dentro do P.S.D., idolatram a figura messiânica de Cavaco, esquecendo-se que foi ele próprio quem uma vez disse que a mesma água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte.
Mas passa. E quem sabe se da mesma maneira!


Tudo isto me faz lembrar o tempo em que Cavaco Silva se candidatou à presidência da república, concorrendo com Jorge Sampaio.
Senão vejamos:

Naquela ocasião vigorava na sociedade portuguesa a profunda convicção de que os portugueses não quereriam pôr «todos os ovos no mesmo cesto», e nunca iriam votar simultaneamente num Governo e num Presidente da mesma filiação partidária, antes escolhendo uma espécie de vigilante equilíbrio de poderes entre os diferentes órgãos de soberania.
Por outras palavras, a confiar-se nas sondagens que unanimemente davam a vitória a António Guterres nas legislativas seguintes, previa-se que, correspondentemente, Cavaco Silva fosse eleito Presidente da República.

Por outras palavras ainda: quanto mais certa fosse a vitória do P.S., mais certa seria a vitória de Cavaco.
A tal ponto, que dava até a sensação que, para tornar mais certa a vitória de Cavaco, nada melhor que tornar mais certa a derrota do PSD, e mais certa a vitória dos socialistas.

Foi então que o PSD em peso, investindo todos os seus esforços políticos na candidatura presidencial, “entregou o ouro ao bandido” e se abandonou ao certo e inelutável destino da anunciada derrota nas legislativas.
De tal modo que se assistiu à debandada geral: ninguém queria ficar politicamente comprometido, e com o seu nome e reputação manchados e associados à derrota certa e anunciada que aí vinha.
O principal teorizador desta brilhante teoria política, e também o principal protagonista deste abandono foi, obviamente, Aníbal Cavaco Silva. E atrás dele, todo o PSD.

Mas com uma, e talvez única, excepção: Fernando Nogueira!

Com uma grandeza e um dignidade difíceis de encontrar na vida política portuguesa, Fernando Nogueira tomou as rédeas do partido e, sacrificando todo o seu futuro político, levou o PSD do descalabro das legislativas que elegeram Guterres às imaculadas e virginais mãos de Marcelo Rebelo de Sousa, a quem no congresso seguinte entregou o partido de mão beijada.

De seguida retirou-se da vida política e partidária com a mesma dignidade e grandeza com que as tinha vivido.
Recordo que, durante a campanha eleitoral, Fernando Nogueira teve mesmo de suportar ser publicamente desmentido por Cavaco Silva que, num amesquinhamento e num desprezo inqualificáveis, o sacrificou, e também ao partido, no altar das presidenciais.
Sempre tendo em vista a brilhante táctica política adoptada: mais certa seria a eleição presidencial quanto mais certa fosse a derrotado o PSD.

Com os resultados que todos conhecemos: a 14 de Janeiro de 1996 Jorge Sampaio é eleito Presidente da República.
À primeira volta...

Dois meses depois, em Março, realiza-se o congresso do PSD.
Foi nesse congresso que se deu um dos acontecimentos que mais me chocou na vida política portuguesa recente:
Não obstante o sacrifício de todo o partido, afinal tornado vão pela concludente e amarga derrota nas presidenciais, e não obstante o amesquinhamento político feito a Fernando Nogueira, Cavaco Silva entrou na sala do congresso, estudadamente tarde, e atravessou em pose magistral a coxia central, perante a louvaminhice indecente de todos os congressistas que, quase sem excepção, interromperam os trabalhos e se levantaram num unânime e estrondoso aplauso àquele que, afinal, tanto os tinha usado – e derrotado.

Com uma única e honrosa excepção: a da mulher de Fernando Nogueira, que na primeira fila deixou Cavaco Silva de mão estendida quando este a tentou cumprimentar...

Ao longo dos últimos anos Cavaco Silva tem recatado habilidosamente a sua imagem política, ora gerindo um tabu, ora amesquinhando mais um secretário geral do PSD, como fez recentemente com Santana Lopes, quando aconselhou os «políticos competentes a afastar os incompetentes».

Sempre com resultados absolutamente extraordinários: aí está novamente o PSD unanimemente rendido aos pés de Cavaco Silva, lançando-se uma vez mais na mesma louvaminhice indecente dos velhos tempos, uma vez mais sem se aperceber do quanto tem sido usado e manipulado.

Muito se deve andar a rir Cavaco Silva!

Porque o PSD é, de facto, um partido inigualável.
Como é notável a falta de memória de certas pessoas.

Principalmente, então, se pensarmos em tudo o que se passou nos últimos meses da governação de Cavaco Silva!...


quinta-feira, 27 de outubro de 2005

 

Mais Um!



Com pompa e circunstância foi inaugurado entre a Urbanização do Infantado e a zona nascente da cidade de Loures mais um novo templo ao consumo: o «LoureShopping».

Tem uma área bruta de 83 mil metros quadrados, 38 mil dos quais locáveis em 111 lojas e 22 restaurantes.


Em tempo de profunda crise comercial e financeira que actualmente se vive em Portugal, e não obstante ir criar cerca de mil postos de trabalho directos, o «LoureShopping» significará a machadada final no pequeno comércio da cidade de Loures e freguesias contíguas. E até dos concelhos circundantes.



Para a SONAE, a proprietária e promotora do projecto, a parte de leão deste gigantesco negócio está já garantida com a vertente imobiliária do empreendimento.

O resto é simples:
Em primeiro lugar, promovem-se contratos de arrendamento com cláusulas absolutamente ilegais, leoninas e desproporcionadas, a que eufemisticamente se chama «contrato de ocupação de espaço em centro comercial», absolutamente desprovidos de qualquer cobertura legal.

Em segundo lugar, contra o quanto está tão claramente determinado na lei do arrendamento, e sem qualquer justificação legal e até lógica, pedem-se «direitos de ingresso» ao novos lojistas, em quantitativos que rondam os 15 mil contos e que, por vezes, chegam mesmo a duas dezenas de milhar de contos. Em 133 lojas, é obra!

Em terceiro lugar, assegura-se o cumprimento rigoroso por parte dos lojistas, e por um período mínimo de seis anos, do tal «contrato de ocupação de espaço em centro comercial», por intermédio de chorudas e muito rigorosas garantias hipotecárias.

Em quarto lugar, contratam-se rendas (embora não lhes chamem assim) na ordem de largas centenas de contos por mês, a que acrescem «despesas de exploração» de montante semelhante e ainda uma percentagem da facturação diária de cada uma das lojas.

Em quinto lugar, fica perfeitamente estabelecido no contrato que, mesmo em caso de insucesso comercial do negócio que for montado em cada loja, o respectivo lojista continua mesmo assim vinculado a cumprir o prazo de seis anos de vigência do contrato, com a ameaça de execução da hipoteca contratada (frequentemente a da casa onde vive), mesmo que isso signifique a sua completa ruína.

Em sexto lugar, mas a título muitíssimo excepcional e em sinal de muito boa vontade por parte do administrador do centro comercial, é permitido a um lojista já previamente arruinado e que esteja desesperado para se desvincular do contrato, abandonar o centro comercial.

Mas somente com cinco condições:
- a primeira, que exista um novo lojista que assegure a sua substituição imediata, praticamente sem encerramento da loja;
- a segunda, que este novo lojista pague novo «direito de ingresso» na loja;
- a terceira, que fique na loja toda a decoração e equipamento, apesar de a mesma ter sido arrendada em bruto, e que o novo lojista pagará à mesma, mas desta vez à administração do centro comercial;
- a quarta, que o lojista que sai perca o «direito de ingresso» que pagou inicialmente, ainda que o novo lojista que entra o pague novamente em igual montante;
- finalmente, e como quinta condição, que em caso de o lojista que sai ter conseguido vender o estabelecimento comercial que instalou na loja ao novo lojista (negócio a que, obviamente estão contratualmente impedidos de chamar «trespasse»), e tenha por isso conseguido obter algum dinheiro para amenizar o seu prejuízo, que assegure uma percentagem choruda desse negócio à administração do centro comercial.

E pronto!
Mais um negócio da China!
E mais um local de lazer e um excelente polo de atracção cultural, onde as famílias de Loures e arredores poderão agora recrear-se aos fins de semana em fato de treino, passeando serenamente entre as montras de produtos que frequentemente nem sequer têm dinheiro para comprar.

E que, bem vistas as coisas, nem sequer FNAC tem!


quarta-feira, 26 de outubro de 2005

 

A Nova Penitência



Por vezes os caminhos que a Igreja Católica trilha na senda da modernidade não cessam de me surpreender.

Longe vão os tempos em que, após a confissão, o padre impunha como penitência para a remissão dos pecados que o desgraçado do pecador rezasse uma dúzia de pai-nossos, meia dúzia de avé-marias, um ou dois credos e, em caso de necessidade, até mesmo uma salvé-rainha.

E pronto, tudo estava perdoado!


Agora, e segundo o «Anchorage Daily News», o reverendíssimo padre James Laudwein, que prestou os seus serviços a Deus numa pequena povoação do estado norte-americano do Alasca, foi acusado por, já em 1980, ter molestado sexualmente uma menina de 14 anos a quem, depois de ouvir em confissão, impôs como penitência, e para que todos os seus pecados fossem perdoados, que lhe mexesse nos órgãos genitais.

O reverendo Laudwein é o último de uma dúzia de padres que foram colocados pela Santa Madre Igreja no Alasca e que foram acusados publicamente de abusar de crianças.
Responsáveis por associações de vítimas de abusos sexuais perpetrados por padres acreditam que a colocação deste e de outros padres obedece a um critério bem definido dos altos responsáveis da Igreja Católica no sentido de afastar os suspeitos de crimes de pedofilia das paróquias onde causaram escândalos, para depois os colocar em comunidades pequenas e menos desenvolvidas, onde as crianças são tidas como menos propensas a relatar os abusos e onde o sistema judicial funciona mais deficientemente.

O advogado da queixosa referiu que considera este um dos piores casos de profanação dos rituais católicos, pois foi aproveitado um sacramento tão sagrado e tão importante para os crentes para ser cometido este crime horrendo sobre uma criança.

Quanto ao padre James Laudwein está agora colocado numa paróquia na cidade de Portland, no estado do Oregon, onde sem ser incomodado pela hierarquia da Igreja Católica continua tranquilamente a apascentar o seu rebanho, a espalhar a fé cristã e a ouvir os seus paroquianos em confissão.

Incluindo crianças, evidentemente...


terça-feira, 25 de outubro de 2005

 

Onde está o Dinis Maria?






 

O Voto no Escuro - III



O João Gonçalves responde no «Portugal dos Pequeninos» ao desafio que aqui lhe lancei de responder à crítica política que fiz a Cavaco Silva, mais exactamente de responder às perguntas que deixei no ar e, principalmente, de esclarecer como prefigura a actuação do seu candidato à Presidência da República em determinadas situações concretas que poderão deparar-se-lhe se um dia for eleito.

Curiosamente, o João Gonçalves não responde a nada:
Ora diz que algumas perguntas só podem ser respondidas pelo manifesto eleitoral de Cavaco Silva, ora diz que outras só serão esclarecidas no decorrer da campanha, ora diz ainda que a actuação de Cavaco pode revelar algumas surpresas... ou talvez não.

Pois é, meu caro João Gonçalves, foi exactamente isso que eu disse:
Primeiro dá-se o apoio ao candidato; depois logo se vê aquilo que ele pensa...


segunda-feira, 24 de outubro de 2005

 

Quanto vale um Blog?



Inspirado por uma pesquisa sobre o valor de cada link feito à Weblog Inc., o Blog «Business Opportunities» criou um curioso sistema que calcula o valor em dólares de cada Blog.

Para calcular o valor de um Blog, basta clicar -> AQUI e escrever o endereço do Blog no espaço indicado.

A propósito, o valor do «Random Precision» é de $58,712.16.

O do «Abrupto», por exemplo, é de $562,846.38.

Alguém quer comprar?...

 

O Voto no Escuro – II



Sigo regularmente e com muita atenção o «Portugal dos Pequeninos» e não foi com surpresa que vi o João Gonçalves a acolher com grande entusiasmo a candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República.

Vendo bem, é também sem surpresa que o vejo indignado e até abespinhado com o meu post «O Voto no Escuro» dedicado ao mesmo tema da candidatura de Cavaco Silva, principalmente quando chamo a Cavaco «manequim de Boliqueime, babado de bolo-rei pelos cantos da boca», e a que João Gonçalves com muita graça chama uma «pérola alarve».

É ainda sem surpresa que vejo que o João Gonçalves vê em Cavaco perfil para «representar Portugal nas mais altas instâncias internacionais», com ou sem bolo-rei, e mesmo babado nos cantos da boca.

Mas é já com enorme surpresa que não descortino em parte alguma do «Portugal dos Pequeninos» a mínima resposta ou a mais leve observação à crítica política ou às perguntas que formulei no meu post, pois não quero crer que o João Gonçalves se conte entre aqueles a quem «acuso» de votar nas eleições presidenciais de olhos fechados, e sem o menor sentido crítico sobre aquilo que Cavaco pensa ou representa politicamente, ou até sobre aquilo a que já se chama «os anos negros do cavaquismo».

É pois com redobrado interesse que irei nos próximos tempos continuar seguir os excelentes textos do João Gonçalves...

 

Caixa de Comentários



E pronto!

Ao fim de semanas e semanas de paciência, desisti da «Enetation»!

Mandei dezenas de emails ao serviços técnicos daqueles facínoras. Em vão.

Até que cheguei à conclusão que a «Enetation» não só é uma merda, como tem efectivamente uns serviços técnicos e de apoio perfeitamente a condizer.

Bem tentei evitá-lo: desistir da «Enetation» significava que todo o historial de comentários do «Random Precision» ficasse inacessível.
Mas cheguei à conclusão que mais vale uma caixa de comentários sem passado do que uma caixa de comentários sem futuro...

Mudei agora para a «Haloscan».
Para já, funciona bem.

A gerência do «Random Precision» agradece que qualquer deficiência na caixa de comentários seja imediatamente comunicada.

Na caixa de comentários, claro!


sábado, 22 de outubro de 2005

 

A Escolha



O Ministro da Saúde de Moçambique, Ivo Garrido, declarou à «TSF» que a SIDA afecta actualmente 16% da população adulta moçambicana entre os 15 e os 49 anos de idade, calculando-se que estejam infectados com o vírus HIV 1,4 milhões de pessoas e que este número cresce a uma média de 100 mil novos casos todos os anos.

Só em 1994 morreram de SIDA 97.000 moçambicanos, dos quais 20 mil eram crianças de idade inferior a 5 anos, o que, só por si, fez descer a esperança média de vida da população de Moçambique de 46 para 38 anos.

Ivo Garrido explicou ainda que, de acordo com as taxas de infecção actualmente conhecidas, 9.200 professores e 6.000 profissionais de Saúde do país deverão morrer de SIDA nos próximos cinco anos.
A situação é tão preocupante que a capacidade de formação de novos profissionais é actualmente menor que o ritmo da mortalidade da doença!

Um dado extremamente preocupante é que todos os anos têm sido infectadas com o HIV cerca de 34.000 raparigas menores de 20 anos, facto que, segundo o ministro, «demonstra claramente uma feminização da SIDA», pois, «a vulnerabilidade da mulher ao HIV/SIDA para além de factores biológicos, também se deve a factores sócio-económicos que afectam negativamente a rapariga e a mulher jovem».

São números absolutamente terríficos!

Acontece que, ainda segundo o ministro da Saúde moçambicano, 95% das novas infecções com o HIV se devem a relações sexuais desprotegidas, isto é, praticadas por pessoas infectadas que não usam preservativo.


Perante tudo o que foi dito, está bom de ver que as primeiras medidas a tomar para tentar inverter esta situação serão campanhas intensivas de esclarecimento público e, como é óbvio, uma distribuição maciça de preservativos pelas populações.
É precisamente isso que o governo moçambicano e todos os governos africanos têm feito.

O que é curioso é que nem mesmo perante esta incrível e perturbante realidade a Igreja Católica se demove de contrariar as políticas governamentais de combate à SIDA levadas a cabo em todos os países africanos, e deixa de tentar convencer as populações que o preservativo é assim uma espécie de «instrumento do demónio».

Os mais altos responsáveis eclesiásticos da Igreja Católica Apostólica Romana em toda a África continuam a organizar em público «queimas rituais» dos preservativos distribuídos quer pelos Governos quer por inúmeras Organizações Não-Governamentais, deixando-se fotografar como nababos olhando com soberba e em pose triunfal para as autênticas fogueiras de morte que têm à sua frente.

Ou seja:
mesmo face a esta realidade, mesmo perante este números infernais, o que é facto é que a uma luta eficaz contra a SIDA, e que signifique uma diminuição real e efectiva desta chocante perda de incontáveis vidas humanas, a Igreja Católica continua a preferir e a escolher... os postulados do seu catecismo.

Deve ser a isto que costumam chamar «os valores cristãos»...


sexta-feira, 21 de outubro de 2005

 

O Voto no Escuro



Em pose friamente calculada, mas numa postura artificial de manequim de alfaiate a que não consegue de maneira nenhuma fugir, Aníbal Cavaco Silva anunciou a sua candidatura à presidência da república.

Fazendo uma longa arenga ao seu currículo político, Cavaco Silva acabou por pedir aos portugueses o cheque em branco de um voto no escuro.

Decerto não levará o meu!


Já aqui o disse, um candidato a Presidente da República celebra com os seus eleitores um «contrato político», prefigurando-lhes uma actuação política de acordo com uma determinada ideologia, que deve esclarecer inequivocamente qual é e que tem de enquadrar devidamente numa determinada área política.
Cavaco, habilidosamente não o faz, jogando não só nesta indefinição como ainda na capitalização da tecnocracia do seu passado como Primeiro-ministro.

Sabendo que há uma franja do eleitorado que votará em si de olhos fechados, e buscando o descontentamento dos votos do centro que lhe sobram do desgaste do Governo do PS e, como afirmou, da «descrença e do pessimismo instalados», ao fim e ao cabo Cavaco não nos diz qual a proposta da sua intervenção política na vida de Portugal.

No «contrato político» que nos propõe, Cavaco Silva não esclarece, por exemplo, como vai utilizar uma das principais armas que o regime semi-presidencialista põe ao dispor do Presidente da República, e que é o poder de promulgar ou vetar as leis que lhe sejam submetidas para aprovação.

Cavaco promulgaria ou vetaria uma nova lei do aborto?
E uma lei que visasse a institucionalização da comunhão de facto entre casais homossexuais?
Ou a adopção de crianças por homossexuais?
E uma lei que determinasse o ensino obrigatório da religião católica nas escolas?
Que pensa actualmente Cavaco sobre a regionalização?
O que pensa da «Constituição Europeia»?

Que posição política tem Cavaco perante estes aspectos tão actuais como fracturantes da sociedade portuguesa?
Ninguém sabe!

E como reagiria Cavaco a uma iniciativa governamental que previsse a criação de um novo aeroporto, do lançamento do T.G.V. ou de uma nova S.C.U.T?
Será que Cavaco do alto da sua cátedra de economista discordaria "tecnicamente" do Governo e, buscando o «desenvolvimento equitativo» que anunciou, utilizaria uma espécie de novo «veto económico» presidencial para impedir estas medidas?

É isto que Cavaco não esclarece!

É a sua actuação, nestes e muitos outros casos, que ninguém prefigura.
Nem mesmo os que lhe irão sempre e em qualquer circunstância, sabujamente e de olhos fechados, dar o seu voto, simplesmente porque «não querem saber destas coisas», porque encolhem os ombros e dizem que «se calhar não é bem assim», ou ainda simplesmente porque «vão com a sua cara» ou lhes parece que ele se aproxima mais da sua área política.

Precisamente os mesmos que agora parecem esquecer os piores tempos dos «anos negros do cavaquismo» e do descalabro político-económico em que Cavaco Silva deixou o país e que ainda hoje estamos a pagar.
E de que maneira!

Os mesmos que persistem em ver neste manequim de Boliqueime, babado de bolo-rei pelos cantos da boca, perfil para representar Portugal nas mais altas instâncias internacionais.


quinta-feira, 20 de outubro de 2005

 

Citação



« (...) O PCP, claro, vê em cada derrota intercalar de qualquer maioria a derrota do respectivo governo e a necessidade de "mudar de política": é assim há 30 anos e já ninguém espera outra conclusão dos comunistas, seja qual for a eleição, sejam quais forem os resultados.

«Suponho que, para o PCP, o facto de eu, por exemplo, poder ter votado em Ruben de Carvalho em Lisboa não implicaria qualquer mérito próprio do respectivo candidato, mas apenas que estaria contra as políticas do actual governo.

«Acontece que, naquilo que sobretudo o PCP combate, eu não estou contra as políticas do actual Governo.
«Antes pelo contrário: quero que os magistrados deixem de mandar na justiça, que os professores deixem de mandar na educação, que os farmacêuticos deixem de mandar no orçamento da saúde, que terminem os privilégios e mordomias dos "corpos especiais" da administração pública, quero que, tirando casos verdadeiramente excepcionais e de senso comum, todos tenham de trabalhar o mesmo número de anos para ganhar a reforma (...).

«O critério da justiça que as reformas devem ter exigem que elas toquem a todos por igual e, simultaneamente, que a todos incomodem, que a todos causem prejuízo efectivo e ponham fim a sagrados "direitos adquiridos".
«Por isso mesmo é que nenhum governo até hoje - incluindo os tão injustamente afamados "governos reformistas" de Cavaco Silva - se tenha atrevido a mexer no "pântano".

«Porque o preço a pagar é justamente este: eleições perdidas, autarcas e caciques locais revoltados, aparelhos partidários desmotivados. O bem comum há-de ser sempre o prejuízo dos interesses instalados (...) ».


(Miguel Sousa Tavares, Público, 14-10-2005)


quarta-feira, 19 de outubro de 2005

 

Homossexualidade e Pedofilia



No «Oeste Bravio»:

«Hoje no programa de John Stweart os comediantes fizeram, mais uma vez, uma contribuição importante para esclarecer o problema dos escândalos sexuais que têm assolado a Igreja Católica, e as posições aparentemente contraditórias que a ICAR vem tomando, defendendo os padres pedófilos ao mesmo tempo que acusa os “homens-sexuais” de andarem a destruir a civilização ocidental.


«Parece que muita gente não compreende esta importante diferença: a homossexualidade é uma doença incurável que não pode ser tolerada por nenhum bom cristão; a pedofilia é um problema conjuntural que se resolve mudando o padre de freguesia».

 

American Society of Magazine Editors



Segundo a «BBC News» uma votação realizada entre editores, artistas e designers da «American Society of Magazine Editors» escolheu quais as melhores capas das revistas publicadas nos últimos 40 anos.


Em primeiro lugar foi escolhida a capa da revista «Rolling Stone» que reproduz uma fotografia tirada por Annie Leibovitz que mostra John Lennon nu abraçado a Yoko Ono.
Esta revista foi publicada em Dezembro de 1980, poucos dias depois da morte do ex-Beatle.



Em segundo lugar foi escolhida a fotografia de Demi Moore grávida, publicada em 1991 na capa da revista «Vanity Fair».




Uma fotografia de Muhammad Ali trespassado por setas (numa pose de São Sebastião) publicada na revista «Esquire» em Abril de 1968 foi escolhida em terceiro lugar.



Em quarto lugar ficou um desenho de Saul Steinberg publicado na edição de Março de 1976 da revista «New Yorker», que representa o bairro nova-iorquino de West Side «engolindo» o resto dos Estados Unidos.




Em quinto lugar foi escolhida a edição de Maio de 1969 da revista «Esquire» que reproduz na capa Andy Warhol a afogar-se numa lata de sopa de tomate.



A notícia refere ainda como escolhida em 26º lugar a fotografia de Mia Farrow publicada na capa da edição de Março de 1974 da revista «People».




Finalmente, menciona ainda a capa de uma edição de 2004 da revista «Vogue» com Nicole Kidman.





terça-feira, 18 de outubro de 2005

 

A Declaração de Voto



Aqui há uns dias, antes ainda das eleições autárquicas, teve lugar uma sessão da Assembleia de Freguesia de Santo António dos Cavaleiros, de que sou membro.

Da ordem de trabalhos fazia parte a atribuição toponímica a algumas ruas e avenidas da freguesia, com nomes de personalidades propostos por um grupo de trabalho previamente eleito.
Entre os muitos nomes propostos constavam os de Álvaro Cunhal, Vasco Gonçalves e João Paulo II.

Postos estes três nomes à votação, e como não podia deixar de ser, votei (vencido) contra a sua atribuição.
E como também não podia deixar de ser, fiz a seguinte declaração de voto, que exigi que ficasse em acta:

«Votei contra os nomes de Álvaro Cunhal, Vasco Gonçalves e João Paulo II porque não concordo que sejam atribuídos a ruas da minha freguesia nomes de pessoas que, em vida, não dignificaram nem a História de Portugal nem a História da Humanidade».

Uma semana depois teve lugar outra Assembleia de Freguesia, a última antes das eleições autárquicas, com o objectivo único de aprovar as actas das Assembleias anteriores.
Pelos vistos, o sururu que a minha posição tinha causado na Assembleia não tinha ainda passado, pois não deixei de ser inquirido, obviamente pelos membros eleitos pelas áreas políticas correspondentes, quanto ao teor da minha declaração de voto e no que ela continha de «insultuoso» às personalidades de Álvaro Cunhal e Vasco Gonçalves.

Embora, como é óbvio, não tivesse de o fazer, anuí em dar a seguinte explicação:

«O meu voto contrário à proposta e a minha declaração de voto posterior correspondem à minha forma de pensar e não constituem mais do que o exercício da minha liberdade individual de a exprimir.
«Coisa que eu certamente não poderia ter feito se o modelo político defendido por essas duas pessoas tivesse tido vencimento em Portugal».

Curiosamente, quanto a João Paulo II ninguém me fez perguntas.
E tanto havia que dizer...


 

Comentários



A «Enetation», a caixa de comentários que escolhi para o «Random Precision» anda outra vez marada.
Pela última vez mandei um email aos funcionários daquela coisa, a ver se resolvem o problema de uma vez por todas.
Já é grande a vontade de desistir daquela porcaria.

Entretanto, e para quem não consiga ou simplesmente tenha dificuldade em comentar, abri a caixa de comentários do próprio «Blogger», a que se acede através do link «comments», à esquerda do link da «Enetation».
Vamos lá a ver se funciona melhor.

A Gerência agradece!



segunda-feira, 17 de outubro de 2005

 

Um bom exemplo



Estes são os prospectos que a Igreja Maná resolveu agora andar a distribuir por todo o lado.
(clicar nas imagens para as ampliar)







O seu conteúdo nem precisa de comentários.
É de uma iniquidade e de uma sabujice indescritíveis

E é mais um bom e bem típico exemplo do que acontece quando uma Igreja – qualquer que ela seja – resolve meter-se na política!


 

The End






The End

This is the end, beautiful friend
This is the end, my only friend
The end of our elaborate plans
The end of everything that stands
The end
No safety or surprise
The end
I'll never look into your eyes again

Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need of some stranger's hand
In a desperate land

Lost in a Roman wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain
There's danger on the edge of town
Ride the King's highway
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway West, baby

Ride the snake
Ride the snake
To the lake
To the lake

The ancient lake, baby
The snake is long
Seven miles
Ride the snake
He's old
And his skin is cold
The West is the best
The West is the best
Get here and we'll do the rest

The blue bus is calling us
The blue bus is calling us
Driver, where are you taking us?

The killer awoke before dawn
He put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived
And then he paid a visit to his brother
And then he walked on down the hall
And he came to a door
And he looked inside
Father
Yes son?
I want to kill you
Mother, I want to. . .

C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
And meet me at the back of the blue bus


This is the end, beautiful friend
This is the end, my only friend
The end
It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die
This is the end.


(Jim Morisson)

domingo, 16 de outubro de 2005

 

Bond. James Bond.



Segundo noticia a «AOL», o próximo James Bond será o actor inglês Daniel Craig.

Daniel Craig, de 37 anos, substituirá Pierce Brosnan, o actor que encarnou o famoso agente secreto com «ordem para matar» nos quatro últimos filmes da série.
Escolhido entre mais de 200 actores tidos como candidatos ao lugar, entre os quais se contam Clive Owen, Ioan Gruffudd, Colin Firth, Hugh Grant, Gerard Butler, Ewan McGregor, Colin Farrell, Hugh Jackman, Heath Ledger e Eric Bana, Daniel Craig é o primeiro James Bond louro, e será o segundo inglês a desempenhar o papel.
Dos cinco actores anteriores, somente Roger Moore é inglês; Sean Connery é escocês, George Lazenby é australiano, Timothy Dalton é galês e Pierce Brosnan é irlandês.

Todos estes actores desempenharam o papel com relativo sucesso, e é sempre com agrado que de vez em quando revejo um dos filmes da série.
Mesmo o desafortunado George Lazenby, que só entrou num filme (aliás passado em Lisboa) e até o apalhaçado Roger Moore.

Mas venha quem vier, para mim, o verdadeiro James Bond será sempre só um: Sean Connery!


sexta-feira, 14 de outubro de 2005

 

O Requerimento



Exmº. Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Loures
Eng.º Carlos Teixeira.

Exmº. Senhor Presidente:

Luís H. Grave Rodrigues, advogado, com escritório na Rua (...), e residente na (...), concelho de Loures, vem a V. Exª. expor e requerer o seguinte:

Acabou o requerente de tomar conhecimento de que se encontra em adiantada fase de projecto um novo cemitério a instalar na área do concelho a que V. Exª preside, mais exactamente na área da freguesia de Loures.
Munícipe interessado, o requerente procurou saber os detalhes da concepção do projecto do mencionado cemitério e acabou por constatar, com imenso agrado, que o mesmo disporá de um forno crematório, e ainda, como é absolutamente normal, de uma capela funerária católica.

Mas, contudo, foi com a maior estupefacção que o requerente verificou que não consta em qualquer parte do projecto do cemitério que agora vai ser construído um simples tanatório.

De facto, cidadão de um Estado que é laico por imposição constitucional, não pode o requerente deixar de manifestar a sua surpresa pelo facto de um equipamento desta natureza (tanto mais que vai ser edificado de novo e será pago pelo Município) e que é de inegável importância e interesse públicos, não prever um simples local dotado de um mínimo de dignidade humana onde ateus, agnósticos e até pessoas de religião distinta da católica possam ser velados sem a imposição de símbolos ou da iconografia de uma religião que não é a sua.

E é tanto mais premente, e inquestionavelmente urgente, a sua edificação quanto é certa a completa inexistência (crê-se que em todo o país), de um local semelhante, e que não resulte da adaptação provisória e, como é óbvio, frequentemente destituída de um mínimo de dignidade, de salas de agremiações ou colectividades de cultura e recreio.

Assim,
e face a todo o exposto,

Requer a V. Exª. que, distinguindo uma vez mais – até de todos os restantes concelhos do nosso país – a iniciativa precursora do executivo municipal a que V. Exª. preside, seja ordenada, porque ainda a tempo, a alteração do projecto do novo cemitério de Loures, de forma a que no mesmo seja contemplada (a par da capela católica), a edificação de um tanatório, dotado de instalações e condições condignas, onde possam ser veladas em dignidade pelos seus familiares e amigos as pessoas cuja memória possa ser ofendida pela presença de iconografia religiosa.

Certo, pois, da melhor compreensão de V. Exª., formulo os meus mais sinceros votos de continuação, neste novo mandato autárquico que agora se vai iniciar, do sucesso que o tem vindo a acompanhar, e aproveitando a oportunidade para enviar a V. Exª. os meus mais cordiais cumprimentos, subscrevo-me

Atentamente
Luís Grave Rodrigues

(Santo António dos Cavaleiros, 14 de Outubro de 2005)

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

 

A Besta






quarta-feira, 12 de outubro de 2005

 

Gerindo os Silêncios



Com a sua fina ironia do costume, o Rodrigo resolveu meter-se comigo neste post de «O Acidental» e acusa-me de abafar a minha reacção aos resultados dos «meus amigos socialistas» nas eleições autárquicas com as “comemorações” do 1º aniversário do «Random Precision».

Estás enganado, Rodrigo: se fores ver, logo no post imediatamente abaixo ao do aniversário referi-me aos únicos resultados autárquicos que me interessaram verdadeiramente.
Claro que podia ter aqui citado os resultados oficiais das eleições autárquicas, e ter salientado que, apesar da «nacionalização» que o PSD delas procurou fazer capitalizando o desgaste do Governo, em relação às eleições de 2001, o P.S. ganhou mais 137.410 votos, subiu a votação quase 2%, conquistou mais 27 mandatos e perdeu X Câmaras, enquanto o PSD só perdeu Y, etc., etc.

Mas isso fica para depois...

Contudo, e de qualquer modo, é engraçada essa tua referência a uma «falta de comentários» nestes tempos autárquicos.

Logo tu, que votas em Sintra e te mantiveste tão estranhamente silencioso a este meu post e lá foste votar à mesma... no teu amigo Seara...

Uma aposta que se votasses em Oeiras, tinhas votado no Isaltino.

Logo tu, que se fosses americano tinhas, apesar de tudo, votado no Bush...


 

A gota de água



De uma leitora assídua do «Random Precision» recebi o seguinte texto, que não resisto a publicar na íntegra:


«Ontem, deixei que a música “rulasse”, como diria a minha adolescente, escolhi uma "playlist" de músicas que queria ouvir, tirei o som da Televisão e fui acompanhando os resultados das eleições autárquicas em quatro ou cinco canais pelas notas de rodapé e pelos painéis que iam aparecendo.

«Não, sem antes ter ouvido o nosso Primeiro falar em qualquer coisa como uma “festa da democracia” e que os Portugueses estavam de Parabéns, até porque, ao invés de outros anos, com alguns distúrbios e boicotes pelo meio, este ano, as eleições expressavam um claro gesto da cidadania portuguesa, honra e orgulho para Portugal e tal e tal e etc.

«Mas será que sou só eu que sinto este mal-estar e que todos se esqueceram dum pequeno pormenor - aliás seis pequenos pormenores - que seis candidatos nestas eleições são arguidos em processos crime por corrupção?
A verdade é que isto me incomoda muito mais do que meia dúzia de cidadãos a manifestarem-se contra o voto enquanto não tiverem um Centro de Saúde ou uma igreja nova.

«Festa democrática? Cidadania? Orgulho, Honra, ... devem ter sido estas as palavras mágicas para eu accionar de imediato a tecla “sem som” do meu televisor.
Aliás, sem o ruído constante da demagogia dos discursos políticos, consegui ver por exemplo, como o grande destaque televisivo (de todos os canais) foi dado aos seis magníficos, respondendo ao apelo tentador e tirânico das audiências do “Vamos lá a ver se os ladrões sempre ganham isto?”
Bem ... culpados, culpados ... eles não são, ou não sabemos se são. Eles são só A-R-G-U-I-D-O-S e o que quer que isso seja, não deve ter importância, é o que há pr’aí mais aos pontapés!

«Mas a gota de água foi a arrogância da entrada apoteótica de Valentim Loureiro, que num gesto de extrema violência arrancou o microfone de um cidadão anónimo, que ainda por cima tentava ajudá-lo, tornando clara a distribuição também pelo Norte de “grandes ordinários”.

«Decididamente, para mim Sr. Primeiro-Ministro, a “festa democrática” acabou aqui, desliguei a televisão e pensei que amanhã é outro dia, e talvez me possam esclarecer sobre o que significa afinal ser arguido num processo crime.
Até lá vou esperando que o poder Judicial faça jus à tão apregoada separação de poderes.

«Ou isto ou aquela teoria que tem vindo a ganhar cada vez mais consistência:
«Nas autarquias todos roubam, mas se tiveres obra feita no município, não faz mal...».


 

OUT



Segundo o «Público», José António Saraiva vai abandonar a direcção do semanário «Expresso» para ir, por essa escada acima, assumir um cargo na coordenação editorial no grupo «Impresa».

Tenho para mim que o melhor comentário a esta notícia de choque (que poderá vir a proporcionar-nos a muito curto prazo, quem sabe, um novo prémio Nobel da literatura, pelo menos é a opinião da mãe do candidato) é feito por JC Dias no «Blasfémias», e que aqui reproduzo, com a devida vénia:


«José António Saraiva vai abandonar o Expresso.
Ora isso é bom. Mas também é mau.
Primeiro é bom porque os parágrafos médios crescem.
Depois é mau porque os editoriais podem não caber.
Isso é que teremos de ver.
Por outro lado podia ser pior.
É sabido que os arquitectos têm vocação jornalista. Mas outros também a têm.
Ora o novo director também a tem.
Mesmo sem ser arquitecto.
E vai escrever menos parágrafos, certamente.
Mas mais compridos».


 

We don’t know how much time we’ve got.






Who does?...


terça-feira, 11 de outubro de 2005

 

Os Prémios «Ig Nobel»



Todos os anos, mais ou menos por esta ocasião, em que na Suécia e na Noruega são atribuídos os prémios Nobel, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, são também galardoadas as personalidades que durante o ano se distinguiram com realizações científicas que «não podem, ou não devem ser reproduzidas».

Aos felizes contemplados são entregues os prémios «Ig Nobel», criados em 1991 por Marc Abrahams, um editor de uma revista científica, que assim procura publicitar e premiar alguns dos mais bizarros projectos levados a cabo por esse mundo fora.
Segundo a «BBC News» (e se me perdoarem a tradução livre) os vencedores dos prémios «Ig Nobel» deste ano foram os seguintes:

Medicina:
Atribuído a Gregg Miller, dos Estados Unidos, pela sua invenção dos «neutículos», nada mais do que testículos substitutos de borracha para cães castrados, disponíveis em vários tamanhos e graus de dureza.
Ao receber o prémio, o feliz contemplado declarou: «considerando que os meus pais sempre pensaram que eu era um idiota quando era jovem, isto é para mim uma grande honra».

Paz:
Atribuído a uma equipa do Reino Unido pelas suas pesquisas pioneiras na actividade das células cerebrais de gafanhotos, enquanto os bichos vêem passagens de filmes da série «Star Wars».

Física:
Atribuído a John Maidstone, da Austrália, pela sua participação numa experiência que começou já no ano de 1927, na qual uma gota de alcatrão pinga através de um funil de 9 em 9 anos.
O feliz contemplado fez questão de partilhar o prémio com um colega, falecido algum tempo depois da queda da segunda gota.

Biologia:
Atribuído à Universidade de Adelaide, por pesquisar e catalogar os peculiares odores produzidos por sapos de 131 espécies diferentes, quando os ditos sapos são colocados em situações de stress.

Química:
Atribuído a uma equipa da Universidade do Minnesota que está a trabalhar num projecto que pretende provar se as pessoas nadam mais depressa na água ou em xarope de açúcar.

Economia:
Atribuído a um inventor do Massachussets que desenvolveu um relógio despertador que foge e se esconde quanto o alarme toca.

Nutrição:
Atribuído a um cientista japonês que fotografou e analisou cada uma das refeições que ele próprio consumiu durante um período de 34 anos.

Literatura:
Atribuído a todos os nigerianos que enviaram milhões de emails promovendo milionários que pretendiam das pessoas a quem os enviavam somente uma pequena quantia em dinheiro para fazer face às despesas necessárias para ter acesso a uma grande riqueza a que tinham direito.

História da Agricultura:
Atribuído ao estudo denominado «Significado das calças explosivas do Sr. Richard Buckley: reflexões sobre os aspectos das mudanças tecnológicas ocorridas nas explorações de lacticínios da Nova Zelândia entre as duas Guerras Mundiais».

Dinâmica dos Fluidos:
Atribuído ao estudo denominado «As pressões produzidas quando os pinguins fazem cocó; cálculos sobre a defecação das aves».


segunda-feira, 10 de outubro de 2005

 

UM ANO!




O
«Random Precision» faz hoje um ano!

Mais de 480 posts escritos, mais de 72.000 visitas nos últimos 10 meses (desde que tenho «Sitemeter»), dezenas de links por essa Blogosfera fora, temos de concordar que não é nada mau para um Blog feito por um gajo sozinho.

Às vezes não é fácil ter um Blog!

Mas se posso fazer um balanço deste ano, tenho de realçar em primeiro lugar as pessoas que conheci e as novas amizades que fiz na Blogosfera, e principalmente o que aprendi comigo próprio, somente porque para escrever um texto tive antes de arrumar as ideias que andavam espalhadas e aos trambolhões aqui pela caixa dos pirolitos.

Sempre foi minha «política» nunca apagar um único comentário, por mais desagradável que ele fosse. Espero continuar com esta determinação, pelo menos enquanto não me parecer que foi ultrapassada uma linha que, confesso, neste momento não sei muito bem onde está.


Frequentemente não é fácil expormos na «praça pública» aquilo que nos vai na alma.
E isso acho que muito poucas pessoas compreendem.
Felizmente, aparecem na caixa de comentários tanto aplausos como críticas verdadeiramente notáveis àquilo que escrevi, fazendo da polémica criada o mais gratificante eco que um Blog pode ter.

Saber que sou lido por algumas centenas de pessoas por dia, em média, dá cá uma responsabilidade que não queiram saber!
Mas saber que entre essas pessoas se contam aquelas por quem nutro grande amizade, estima e admiração – todas elas sabem perfeitamente quem são – torna ainda mais delicada a tarefa de escrever um texto e expô-lo a uma análise crítica que nunca sabemos onde vai dar.

Mais difícil, contudo, é arranjar – quase diariamente – temas de interesse ou de algum relevo e, depois, TEMPO para sobre eles escrever de forma minimamente coerente e informada.

Por tudo isto, não sei quanto por quanto tempo por aqui andará o «Random Precision» na Blogosfera.

Talvez enquanto me durar a maluqueira pelos Pink Floyd, que com a sua música «Shine On You Crazy Diamond» inspiraram o próprio nome deste Blog, e também a paranóia pelo filme «Blade Runner» que inspirou o subtítulo que lhe serve de tema.

Durará, pelo menos, enquanto me der gozo fazê-lo!


 

Santo António dos Cavaleiros



Partido – Nº Votos – Percentagem – Nº Eleitos # Eleições de 2001
-------------------------------------------------------------------------
PS: ----- 3.181 --------- 38% ----------- 6 ---- # ---- 3.095 - (6)
CDU: --- 2.022 -------- 24% ------------3 ---- # ---- 2.292 - (4)
PSD: --- 1.925 --------- 23% ----------- 3 ---- # ---- 1.955 - (3)
BE: ------ 824 --------- 10% ----------- 1 ---- # ------- 228 - (0)
--------------------------------------------------------------------------

sábado, 8 de outubro de 2005

 

O Relativismo Moral



Aqui há meia dúzia de dias o Papa Bento XVI proclamou solenemente o afastamento definitivo da Igreja Católica de tudo a que «cheirasse» a homossexualidade.

Numa inaudita fúria homofóbica, o «Rottweiller de Deus» proibiu a entrada de homossexuais no sacerdócio, e esclareceu que mesmo os sacerdotes gays já ordenados não eram bem-vindos ao seio da Igreja Católica, dando inequivocamente a entender que deveriam abandoná-la.

Só que, entretanto, alguém deve ter dito ao actual detentor da divina graça da infalibilidade papal que uma medida tão drástica como esta iria significar não só o imediato esvaziamento das frias camaratas dos seminários, como também a perda de uma percentagem significativa dos seus apaniguados distribuidores de hóstias.

Vai daí, este insigne sucessor de Pedro... voltou atrás!

Segundo a «ABC News» o Vaticano vai afinal permitir a entrada de homossexuais no sacerdócio.

Mas atenção: unicamente desde que estes possam demonstrar o seu celibato e uma absoluta castidade durante pelo menos os três anos anteriores!

E para aqueles que se interroguem sobre a razão de ser deste prazo de «amnistia» de três anos, ou tenham dúvidas sobre a forma como esta castidade vai ser comprovada na prática, o Vaticano, através da sua «Congregação para a Educação Católica» esclareceu desde já que serão banidos os padres que «manifestem publicamente a sua homossexualidade» ou demostrem «uma atracção irresistível pela cultura homossexual, ainda que só intelectualmente».

Moral da História:
Já para não falar do insulto e do autêntico enxovalho que, antes de mais, estas determinações significam para todos os homossexuais – em especial para aqueles que são católicos – elas representam mais um exemplo da mais profunda e abjecta hipocrisia da Igreja Católica.

Dizer que, afinal, a homossexualidade será permitida no seio da Igreja, mas unicamente desde que ela seja escondida e mantida em recatado segredo, significa exigir dos próprios sacerdotes que MINTAM a toda a gente – incluindo principalmente a si próprios – e que vivam uma vida inteira de MENTIRA e ENGANO enquanto, ao mesmo tempo, lhes é encomendado que preguem a palavra de Deus.

E são, ao fim e ao cabo, mais um eloquente sinónimo do «relativismo moral» de que, paradoxalmente, o próprio Bento XVI persiste em acusar a «sociedade moderna».


 

Micro Causa – II


Persiste ainda com gritante actualidade o desafio do «Bloguitica»:

«Pode o «Público» s.f.f. esclarecer com quem é que Fátima Felgueiras manteve contactos no secretariado nacional do PS?
«Quando é que esses contactos tiveram lugar?
«Quem é que informou Jaime Gama previamente da libertação de Fátima Felgueiras?»

«O Público não pode exigir a terceiros uma conduta que os seus leitores não lhe possam igualmente exigir a si. O Público tem a obrigação de dar uma explicação aos seus leitores».


Ainda sobre este tema, a não perder:

- “Uma história pouco clara”, de Paulo Gorjão, no «Clube de Jornalistas»
e
- “Sobre as micro-causas nos blogues”, de Pacheco Pereira, no «Abrupto».


sexta-feira, 7 de outubro de 2005

 

A Vontade de Deus



Muitas vezes me interroguei sobre quais teriam sido os verdadeiros motivos que levaram o presidente norte-americano George W. Bush e toda a sua tenebrosa administração a invadir o Iraque, e a arrastar nessa loucura alguns dos seus mais fiéis aliados.

- Teria sido uma simples e mera vingança do 11 de Setembro, e a vontade de mostrar aos «red-necks» americanos que os terroristas não tinham ficado impunes?
Talvez.

- Seria não mais do que uma simples projecção pessoal e vontade de marcar o seu nome na História?
É bem possível.

- Nada mais do que proporcionar um gigantesco negócio à «Halliburton» e aos respectivos accionistas?
É muito provável.


Mas não!
Nada disso!
Finalmente sabemos a verdade!!!

Segundo revelaram Abu Mazen, o Primeiro-ministro palestiniano e o seu ministro dos negócios estrangeiros, Nabil Shaath, o presidente George W. Bush revelou-lhes já em Junho de 2003 que os verdadeiros motivos que o levaram a invadir o Iraque e a depor o infernal regime do torcionário Saddam Hussein não foram mais do que... a vontade de Deus!

E George W. Bush foi bem claro, quando lhes disse:

«Eu sou guiado por uma missão de Deus.
«Deus disse-me: George, vai e combate esses terroristas no Afeganistão.
«E foi o que eu fiz.
«E então, Deus disse-me: George, vai e acaba com a tirania no Iraque!
«E foi o que eu fiz.
«E agora, uma vez mais, eu sinto as palavras de Deus a dizerem-me: George, vai e dá um Estado ao palestinianos, dá aos israelitas a sua segurança e dá a paz ao Médio Oriente.
«E, por Deus, é o que eu vou fazer.
«Eu tenho uma obrigação moral e religiosa; por isso eu vou-vos dar um Estado Palestiniano».

Eu bem devia ter calculado!

De facto, a invasão de um Estado, ainda que ditatorial, feita à revelia dos mais básicos conceitos do Direito Internacional, os milhares e milhares de mortos que essa loucura já causou – e que todos os dias ainda causa – quer entre a tropas americanos e suas aliadas, quer entre o inocente povo iraquiano, e ainda as inimagináveis consequências que toda a população mundial vive quotidianamente como resultado desse delírio americano, não poderiam resultar da mera vontade de um simples homem.

Tudo isto só podia ser mesmo o resultado da... vontade de Deus!

Agora, só nos resta prepararmo-nos para o que, com toda a certeza, ainda por aí vem.

Porque uma coisa é certa, e os exemplos da História não faltam: quando um líder começa a dizer que o que anda a fazer lhe foi transmitido por Deus, isso não augura mesmo nada de bom!


quarta-feira, 5 de outubro de 2005

 

Júlio Pinto










Júlio António Batista de Araújo Pinto
(13 de Junho de 1949 – 5 de Outubro de 2000)

Júlio Pinto nasceu em Oliveira de Azeméis no dia 13 de Junho de 1949.

Será sempre inevitável a associação do seu nome às crónicas que escreveu no semanário «O Independente» e às mordazes críticas literárias que ali fazia no seu famosíssimo «Gremlin Literário», mas principalmente aos textos que, com o desenhador Nuno Saraiva, fez para as bandas desenhadas «Filosofia de Ponta», « A Guarda Abília» e «Arnaldo o Pós-Cataléptico» e ainda à sua participação nas «Crónicas de Escárnio e Maldizer» da «TSF».

Júlio Pinto começou, ainda muito jovem, uma intensa actividade política como militante do Partido Comunista Português, que de início escondia mesmo dos seus próprios pais, e viveu longos anos na clandestinidade.
Acabou por ser preso pela PIDE, denunciado por um “amigo” que o reconheceu na rua e a quem sempre se recusou a guardar rancor.

Depois do 25 de Abril de 1974 Júlio Pinto fez parte, como jornalista, da equipa fundadora do extinto jornal «O Diário», uma espécie de órgão oficioso comunista.
Mas cedo Júlio Pinto entrou em rota de colisão com a direcção do jornal, não se coibindo de acusar abertamente o seu director, na ocasião Miguel Urbano Rodrigues, de censura rigorosa aos artigos que escrevia.

Já no ano de 1981, a solidariedade prestada ao militante do P.R.P. Carlos Antunes (que na ocasião se encontrava preso e em greve da fome) foi a gota de água que lhe valeu o despedimento do jornal e a expulsão do P.C.P.


Quis o destino que desaparecesse muito prematuramente, levado por uma doença que, até mesmo ao último momento, persistiu em esconder de todos.

Recordarei sempre o Júlio como um amigo de uma extraordinária inteligência e de uma cultura e uma experiência de vida notáveis, e com quem era extremamente gratificante ficar a conversar até de madrugada.

Desde que não nos faltasse a Super-Bock, claro...

Se estivesse ainda entre nós, é certo e sabido que o Júlio já teria criado um blog, a que daria um nome qualquer, com toda a certeza que tivesse um duplo sentido, irónico e mordaz.

E que blog seria!...


 

VIVA A REPÚBLICA!





.

 

Micro-Causa



No «Bloguitica»:

«PODE O «PÚBLICO» S.F.F. ESCLARECER COM QUEM É QUE FÁTIMA FELGUEIRAS MANTEVE CONTACTOS NO SECRETARIADO NACIONAL DO PS? QUANDO É QUE ESSES CONTACTOS TIVERAM LUGAR? QUEM É QUE INFORMOU JAIME GAMA PREVIAMENTE DA LIBERTAÇÃO DE FÁTIMA FELGUEIRAS?»

«O Público não pode exigir a terceiros uma conduta que os seus leitores não lhe possam igualmente exigir a si. O Público tem a obrigação de dar uma explicação aos seus leitores».


segunda-feira, 3 de outubro de 2005

 

A Última Mão



Uma notícia da «Reuters» dá conta que Paddy Power, um corretor de apostas irlandês, libertou a ira cristã e da toda-poderosa Igreja Católica Irlandesa ao fazer um anúncio que retracta Jesus Cristo e os seus apóstolos a jogar às cartas durante a última ceia.

Os cartazes do anúncio, que estão espalhados por toda a cidade de Dublin, são uma brilhante adaptação do célebre quadro de Leonardo da Vinci e representam Jesus com uma pilha de fichas de póker à sua frente, Judas com 30 moedas de prata e os restantes apóstolos segurando as cartas do jogo.

E pronto: caiu o Carmo e a Trindade!
O padre Michael MacGreil considerou o anúncio «ordinário e grosseiramente inapropriado» e que devia ser imediatamente retirado, pois é «um insulto aos sentimentos religiosos de muitas pessoas».
Ao contrário, o felizardo do corretor, que deve estar extasiado com o acréscimo de publicidade que o anúncio lhe tem trazido, afirma que não retira o anúncio coisa nenhuma, já que este não é para ser levado a sério e não pretende ofender ninguém.


É no que dá este estranho costume católico, de ora seguir a Bíblia à letra, ora de não ligar patavina ao que lá se diz.
De facto, e ao contrário do que acontece com as igrejas protestantes, que seguem à risca a determinação bíblica de não venerar ícones ou imagens, a Igreja Católica persiste em celebrar o seu politeísmo adorando milhares de imagens dos mais variados santos e beatos.
E às vezes até das respectivas mães!

Até que chega a este ponto: já não distingue os deuses que adora das imagens que os representam!

sábado, 1 de outubro de 2005

 

A Verdade






(In «Deus e Vós» de Piem)


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com