sábado, 30 de abril de 2005

 

O Desespero


Segundo a agência de notícias «Novosti», aqui citada, na passada quinta-feira um homem de cerca de 40 anos de idade resolveu assaltar uma sex-shop em Moscovo.
Armado de uma faca com que ameaçou o empregado, roubou uma boneca insuflável de tamanho natural e alguma lingerie, e conseguiu fugir com o produto do roubo.

Foi distribuído um «retrato-robot» do ladrão que, contudo, continua ainda por identificar e em parte incerta.

Presumo que esteja em casa...

sexta-feira, 29 de abril de 2005

 

Tipicamente Católico


O que diriam os responsáveis da Igreja Católica Apostólica Romana e o que diriam os mais reputados beatos portugueses - de João César das Neves a D. José Policarpo, passando por Bagão Félix - se de repente o Governo determinasse o ensino obrigatório - não facultativo, mas obrigatório - do Corão ou até (longe vá o agoiro!) do ateísmo?

Caía o Carmo e a Trindade!
No entanto, o fanatismo católico tem mantido toda esta gente calada, assim numa espécie de desonestidade intelectual, perante os autênticos escândalos que se têm vindo a passar em Espanha e em Timor.
Saudosos dos velhos tempos da Santa Inquisição, e agora com energia renovada, certamente encorajados pela subida a Papa do Inquisidor-mor, os responsáveis da ICAR não hesitam a incitar à desobediência civil a determinações de governos democráticos e legitimamente eleitos.

Em Espanha o cardeal Alfonso Lopez Trujillo apelou à objecção de consciência e à desobediência civil às leis do Estado por parte dos alcaides (autoridades responsáveis pelos casamentos civis naquele país), caso lhes fosse solicitada a celebração de um casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Vai daí, vem em auxílio de sua eminência o arcebispo emérito de Barcelona, Ricard María Carles, que resolveu comparar os alcaides que venham a celebrar casamentos homossexuais com os guardas do campo de concentração de Auschwitz.

Entretanto em Timor, o Governo do Primeiro-ministro Mari Alkatiri determinou que em 32 escolas do país, e a título experimental, o ensino da religião católica deixaria de ser uma disciplina obrigatória como até aqui, e passaria e ser facultativo e pago pela igreja.

E pronto: os dois bispos de Timor, D. Alberto Ricardo da Silva, de Díli, e D. Basílio do Nascimento, de Baucau, exigem agora a «imediata remoção» do Governo de Mari Alkatiri.
Como se não bastasse, organizaram manifestações de rua, e ameaçam conduzir a populaça numa marcha sobre o Palácio do Governo para o ocupar e, assim numa espécie de golpe de estado de inspiração divina, fazer derrubar o Primeiro-ministro pela força, caso este não recue nas suas intenções, e protegendo-se do cordão policial que protege o Palácio com rezas e terços e atrás de dezenas de imagens de Jesus Cristo e de Nossa Senhora.

Vai daí, vem em auxílio de tão piedosa gente o prémio Nobel da Paz, D. Ximenes Belo que, decerto pelas honrarias recebidas, deverá andar esquecido da guerra civil que assolou o seu país há 30 anos, não só resolveu apoiar todas as iniciativas dos seus colegas, como ainda exigiu a expulsão de Timor do jornalista da Lusa António Sampaio, que se atreveu (pasme-se!) a descrever a situação vivida naquele país e ainda a chamar-lhe (vejam lá!) conservador.

Como é óbvio, nada tenho contra aqueles que querem determinar a sua própria vida de acordo com a sua fé e os seus princípios filosóficos ou religiosos.

Mas não posso deixar de qualificar como a mais abjecta e vil baixeza de carácter, a atitude daqueles que querem impor aos outros as suas convicções, e pretendem determinar a vida alheia de acordo com as suas regras políticas, éticas ou morais e impor-lhes a sua religião.
Não recuando perante nada, mesmo quando bem sabem que é precisamente deste tipo de imposições que nascem as guerras e os conflitos entre os povos.

Principalmente aqueles que, ainda assim, num exercício sabujo e porco da autoridade espiritual que detêm sobre os seus obnubilados seguidores (os fiéis a quem o próprio Papa Ratzinger chama «pessoas simples»), não hesitam em atacar as autoridades e os governos legítimos dos países democráticos em que vivem.
Sim, porque nunca vi uma manifestação de bispos ou uma insurreição religiosa que ameaça ocupar o palácio de um Governo ser organizada pela Igreja Católica em Cuba ou na Coreia do Norte, ou até no Chile de Pinochet, na Espanha de Franco, no Portugal de Salazar ou... na Alemanha de Hitler...

Antes que me acusem de extremar posições, admito desde já: sim, há excepções.
Mas sejamos claros: são isso mesmo, são excepções!

Porque este persistente costume de querer fazer prevalecer os dogmas religiosos sobre a liberdade individual dos outros é, de facto, tipicamente católico!

quinta-feira, 28 de abril de 2005

 

O Rigoroso Inquérito


Provavelmente a notícia chocará mais pela vulgaridade que já parece ter no sistema judicial português:

Os quatro suspeitos do homicídio do agente da Polícia Judiciária, João Melo, ocorrido em Marco de Canavezes em Janeiro de 2001, depois de terem sido já condenados em primeira instância e estarem a aguardar decisão no recurso que interpuseram, foram agora postos em liberdade depois de ter sido ultrapassado o prazo de prisão preventiva a que estavam sujeitos.

Imediatamente a Procuradoria Geral da República ordenou a instauração de um «rigoroso inquérito» com o objectivo de «apurar as actuações e as circunstâncias que as envolveram, protagonizadas pelos magistrados do Ministério Público que tiveram intervenção no caso».

Como dizem os americanos: BULLSHIT!

O Sr. Procurador Geral da República sabe bem melhor do que eu que o magistrado do Ministério Público encarregue do caso deduziu acusação no dia 22 de Abril de 2002, há mais de três anos (pelos crimes de homicídio, associação criminosa e roubo com utilização de armas de fogo) e que, a partir daí, portanto, o processo e o seu respectivo andamento passaram para a responsabilidade da magistratura judicial.

Ou seja, o Sr. Procurador Geral da República sabe bem que o inquérito apurará somente a responsabilidade dos juizes, quer da primeira instância quer agora do tribunal superior que está a apreciar o recurso.

Porque quando se trata de outros casos igualmente mediáticos, como o dos processos crime em que é arguido Isaltino Morais, sempre a procurar desesperado refúgio em sucessivos anúncios da sua candidatura à Câmara de Oeiras (provavelmente subsidiada pelo sobrinho, que é pessoa de posses), aí o Sr. Procurador Geral da República está muito bem caladinho.
Contudo, estou absolutamente persuadido que isso não se deve ao facto de Isaltino Morais ser originalmente, na sua profissão, magistrado do Ministério Público...

Por outras palavras, o Sr. Procurador Geral da República, conhecedor da mediatização que a libertação dos arguidos mereceu em toda a comunicação social portuguesa, e sabendo perfeitamente à partida que o inquérito eximirá o Ministério Público de quaisquer responsabilidades, com a sua instauração, e apressado anúncio público, não visa mais do que objectivos publicitários e promocionais da sua classe, ao mesmo tempo que sacode a água do capote para cima dos juizes.

Que neste caso bem o merecem, aliás.

Bem a propósito, constato o absoluto e confrangedor silêncio que toda esta situação merece do Conselho Superior da Magistratura, que saberá tão bem como o Sr. Procurador Geral da República a quem competirão as responsabilidades de mais este escândalo da Justiça portuguesa.

Porque uma coisa é absolutamente certa: é que, no final, nenhumas responsabilidades se apurarão e nenhumas consequências se retirarão no meio de tudo isto.
Tudo continuará na mesma, de escândalo em escândalo, talvez até ao escândalo final!

Alguém duvida que nenhum juiz será responsabilizado?

A sua irresponsabilidade está assegurada pela Constituição.
A sua impunidade está assegurada pelos seus pares.

quarta-feira, 27 de abril de 2005

 

O futebolês


Dizia aqui há uns dias o comentador da Sportv num jogo de futebol:
«Repare-se que, quando ataca, o Sporting faze-o quase sempre pelo lado esquerdo...».

Bem: quem sou eu para discutir tácticas futebolísticas com um profissional?...

Mas apesar destas e doutras, uma coisa é certa: são completamente imbatíveis as celebérrimas pérolas de João Pinto (antigo defesa do Futebol Clube do Porto), que ficarão para sempre nos anais do futebol português:
- Prognósticos só no fim do jogo!
ou
- O meu coração só tem uma cor: azul e branco!

Mas eis senão quando me enviam por email uma relação (cuja origem desconheço) de pérolas atribuídas a Gabriel Alves.
É com a devida vénia ao Gabriel Alves que aqui as reproduzo.
Primeiro porque ele é de facto uma pessoa sensacional.
Depois, porque não obstante o seu léxico muito particular ele é, sem qualquer dúvida, o melhor comentador desportivo português.
Finalmente, porque uma coisa é certa: desse léxico não fazem parte pérolas do tipo das que acima referi.

Aqui vão elas:

O Benfica está a jogar um futebol de passe curto... (pausa)... e passe longo, consoante as ocasiões...

Jean-Pierre Papin, um jogador extremamente rápido, veloz, lesto, nada lento, antes pelo contrário

O futebol europeu tem mais incisão

Giggs, um jogador que remata bem do meio campo para a frente

Trabalhando muito bem debaixo das pernas do adversário

Eeee pá! Silvino a levar a mão às bolas!

E agora entram as danças sevilhanas da Catalunha

A selecção não jogou nem bem, nem mal. Antes pelo contrário

Maradona: 26 anos, joga com a bola nos pés...

Luís Figo, um dos melhores jogadores do mundo e talvez da Europa

A equipa desenvolve jogadas ofensivas já no último terço

Cândido Costa é um jogador que joga bem pela esquerda, pela direita e pelos flancos

Juskowiak tem a vantagem de ter duas pernas

Hélder a romper... mas na altura exacta devia ter aberto

E aqui está, um golo substantivo que nem pode ser adjectivado

Kenneth Anderson: 1 metro e 93 de golo

Vejam só como Paulinho Santos não deixa Sá Pinto penetrar

Uma humidade relativa muito superior a 100%

A leitura foi boa, o desenho é que não; não leu bem a posição do seu companheiro

O Benfica a não praticar um futebol chuveirinho

Superavit tecnicista dos centro-campistas do Sporting em relação aos do Porto

O Benfica está em excelente forma, a jogar num 3x4x3x3

Lá estão os dois homens do Sporting do miolo e sempre com dois turcos pela frente

É um estádio bonito, moderno, arejado...

A selecção do Mali tem um futebol cheio de perfume selvagem... com um odor realmente muito fresco

Roger está apagado, sem leitura, ele que é um jogador com visão, que mete bem nos espaços

Reparem como os jogadores do Bayern se movimentam... descrevendo figuras geométricas... o futebol é uma arte plástica

Podemos aqui verificar no meio campo leonino a intenção do treinador jogar ao ataque: basta reparar nos quatro vértices do triângulo montado pelo treinador

E agora o árbitro da partida a ser atingido por um objecto, provavelmente atirado por um telespectador

Um passe para uma zona de ninguém, onde realmente não estava ninguém...

Jardel... um jogador com um tempo de salto de 70 centímetros

Lá vai Paneira no seu estilo inconfundível... (pausa)... mas não... é Veloso!

terça-feira, 26 de abril de 2005

 

O Sancta Simplicitas

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Joseph Ratzinger, o novo Papa Bento XVI, declarou recentemente:

- Os fiéis são pessoas simples que é preciso proteger dos intelectuais.

Concordo!
Principalmente com a parte de que os fiéis são «pessoas simples».
Se é até o próprio Papa quem o diz...

Mas estava aqui a pensar como se considerará Ratzinger a ele próprio:

- Um fiel ou um intelectual?...


segunda-feira, 25 de abril de 2005

 

25 de Abril


Nesta passagem de mais um aniversário da Revolução do 25 de Abril, nada mais a propósito que a entrevista que Vasco Gonçalves concedeu à «Visão».
A primeira impressão que transparece da entrevista é a de um homem sereno e de consciência tranquila e que, após ter escrito uma página importante da História de Portugal, se mantém fiel às suas convicções, numa coerência notável e cada vez mais difícil de encontrar.

Mas à medida que a entrevista decorre, assaltam-me as recordações daquela época, numa sensação mista de nostalgia de tempos de atribulada juventude, e de uma profunda ingenuidade política.
A distância torna hoje inesperadamente inúteis, e até quase ridículas, tantas lutas e preocupações.

Mas, o que é certo, é que talvez nos tenhamos esquecido de como poderiam ter sido diferentes os tempos que se seguiram ao 25 de Abril, e que culminaram no 11 de Março, se não tivessem ocorrido a manifestação da Fonte Luminosa ou o 25 de Novembro.
A memória dos tempos da «Muralha de Aço», ou do «discurso de Almada», e de tudo aquilo que uma determinada facção política (a que alguém chamou “Gonçalvismo”) vinha fria e persistentemente planeando para Portugal, parece agora mais viva perante afirmações como estas de Vasco Gonçalves:

«... mesmo antes das eleições, aliás, tinha noção de que o nosso povo não estava preparado politicamente para não ser confundido, com receio de pela via eleitoral se perderem as conquistas alcançadas pela via revolucionária...».
«... antes das eleições e da elaboração do pacto MFA-Partidos eu propus ao Dr. Mário Soares que se constituísse uma Frente Democrática com os diversos partidos... Mário Soares opôs-se liminarmente à minha proposta, afirmando que era preciso cada um saber a sua própria força. Depois, armados com os resultados eleitorais, PS e PPD... ».
«... embora eu e os meus camaradas não estivéssemos ao serviço do Partido Comunista. Mas havia uma certa identificação nas ideias políticas».
«...Quando fiz esse discurso de Almada, eram já grandes as divisões internas no MFA. O meu objectivo era desmascarar os que diziam querer avançar para o socialismo por uma via pacífica e pluralista mas, na prática, estavam a combater o socialismo».
«... defendia uma democracia... que não fosse uma espécie de ditadura da burguesia em regime democrático...».



No final da entrevista a imagem de Vasco Gonçalves que acaba por permanecer é a de um velho derrotado, pateticamente agarrado a ideais anacrónicos e que ainda não sabe que o Muro de Berlim caiu já.

De Vasco Gonçalves, fica a imagem de uma inútil e triste decadência, como esta fabulosa foto (roubada ao Z no «Uma Por Rolo») excelentemente retrata.

Ou então, talvez seja simplesmente a imagem do próprio 25 de Abril: a imagem de um homem a gozar o seu confortável retiro dourado de general reformado.


Que, decerto, não teria permitido aos seus adversários políticos se lhes tivesse ganho...

sábado, 23 de abril de 2005

 

A Avestruz

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sexta-feira, 22 de abril de 2005

 

If only you could see what I've seen... with your eyes!...

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One Of My Turns



Day after day,
Love turns grey
Like the skin of a dying man.
Night after night, we pretend its all right
But I have grown older
And you have grown colder
And nothing is very much fun any more.
And I can feel one of my turns coming on.
I feel cold as a razor blade,
Tight as a tourniquet,
Dry as a funeral drum.

Run to the bedroom,
In the suitcase on the left
You'll find my favorite axe.
Don't look so frightened
This is just a passing phase,
One of my bad days.
Would you like to watch T.V.?
Or get between the sheets?
Or contemplate the silent freeway?
Would you like something to eat?
Would you like to learn to fly?
Would'ya?
Would you like to see me try?
Would you like to call the cops?
Do you think it's time I stopped?

Why are you running away?…


quinta-feira, 21 de abril de 2005

 

Acrescenta aí!


No «Acidental» o meu amigo Rodrigo Moita de Deus quis uma vez mais brindar-me com a sua fina e eloquente ironia.

Diz ele que no meu post, já aqui abaixo, fiz «uma brilhante síntese dos principais estorvos espirituais de Joseph Ratzinger» e que seriam:

«É ferozmente contra o divórcio e contra o aborto, a que chama «cultura da morte».
«É contra o casamento dos sacerdotes e contra a ordenação das mulheres.
«É contra a homossexualidade, que qualifica como uma depravação criminosa.
«É contra o preservativo e contra toda a espécie de anticoncepcionais, cuja proibição e ilegalização defende liminarmente.
«É contra a integração da Turquia na União Europeia por se tratar de um país maioritariamente muçulmano».

Depois, diz o Rodrigo com muita piada que o Papa tem um defeito ainda maior, e que só por imperdoável lapso eu não apontei: é católico!

Ó Rodrigo:
Para já, não entendo o teu «esquecimento» de incluíres, na enumeração que fazes, alguns outros «estorvos espirituais» do Rottweiler de Deus que eu citei no meu post, como sejam:

«É um profundo opositor da «Teologia da Libertação» e da implementação de qualquer tipo de política que signifique o envolvimento da Igreja na luta contra a pobreza.
«O seu fundamentalismo chega ao ponto de condenar a própria música: seja a música rock, que acusa de ser um «contra-culto que se opõe ao culto cristão» seja também a ópera, que acusa de «corroer o sagrado».
«Opõe-se às políticas de modernização e abertura da Igreja à sociedade, iniciadas com o Concílio Vaticano II, de que toda a vida foi um feroz e acérrimo opositor.

Até dá ideia, Rodrigo, que estes teus «esquecimentos» trazem água no bico.

Mas depois, parece que não leste o meu post até ao fim.
É que, nos últimos parágrafos, não deixo inequivocamente de apodar o novo Papa de ser:
Retrógrado e reaccionário;
Fundamentalista, homofóbico e misógino;
E de privilegiar os dogmas religiosos sobre as mais básicas noções de humanismo e de liberdade individual.

Viste, Rodrigo?
Afinal não me esqueci de dizer que o homem é católico...

quarta-feira, 20 de abril de 2005

 

Habemus Papam


Como não podia deixar de ser, o conclave dos cardeais elegeu Joseph Ratzinger como novo Papa.

Como seu novo nome papal, o Cardeal Ratzinger poderia ter escolhido «Torquemada I», em homenagem às suas funções de inquisidor-mor, ou até o nome de «Rotweiller de Deus I», em homenagem à alcunha que os amigos há muitos anos lhe puseram.
Mas não. Em vez disso, Ratzinger, o «cardeal Panzer», resolveu escolher o nome de Bento XVI, aparentemente significando que continuará a obra de Bento XV, conhecido pela sua actividade missionária e de propagação do catolicismo.
Para já, pelos vistos, começa mal.

Provavelmente terá sido Joseph Ratzinger o responsável pela condução dos destinos da Igreja durante os últimos tempos do papado de Karol Wojtila, já profundamente incapacitado pela doença. Por isso, a sua eleição poderá significar a mera confirmação do óbvio: que há muito tempo era já Ratzinger o verdadeiro Papa.

Como será de calcular, sou completamente estranho, e é para mim absolutamente indiferente, o significado religioso ou espiritual da eleição de Joseph Ratzinger como Papa.
Mas já não me é indiferente a influência nefasta que o novo Papa terá numa importante percentagem de seres humanos, e mesmo na sociedade em que vivo.
Até porque o «Rottweiler de Deus» é um profundo opositor do laicismo da sociedade.

Ratzinger é um ultra-conservador frio, calculista e fanático, que dedicou toda a sua vida de cardeal a perseguir em processos inquisitoriais, profundamente contestados dentro até da própria Igreja, todas as vozes que achava discordantes da mais cristalina pureza da «doutrina da fé».
Essa pureza Ratzinger encontra nos filósofos e teólogos da Igreja da Idade-Média, e até dos primórdios do cristianismo, como Santo Agostinho.

É um profundo opositor da «Teologia da Libertação» e da implementação de qualquer tipo de política que signifique o envolvimento da Igreja na luta contra a pobreza.
É um ferozmente contra o divórcio e contra o aborto, a que chama «cultura da morte».
É contra o casamento dos sacerdotes e contra a ordenação das mulheres.
É contra a homossexualidade, que qualifica como uma depravação criminosa.
É contra o preservativo e contra toda a espécie de anticoncepcionais, cuja proibição e ilegalização defende liminarmente.
É contra a integração da Turquia na União Europeia por se tratar de um país maioritariamente muçulmano.

O seu fundamentalismo chega ao ponto de condenar a própria música: seja a música rock, que acusa de ser um «contra-culto que se opõe ao culto cristão» seja também a ópera, que acusa de «corroer o sagrado».
Não será de estranhar, por isso, a breve proibição de manifestações musicais nas igrejas e em actos litúrgicos.

Aliás, será de esperar o início da concretização prática de todas as suas ideias de tenaz oposição às políticas de modernização e abertura da Igreja à sociedade, iniciadas com o Concílio Vaticano II, de que toda a vida foi um feroz e acérrimo opositor.

No entanto, em 1944 essa feroz tenacidade não o impediu de desertar do exército alemão, onde tinha sido alistado como soldado de infantaria durante a 2ª Guerra Mundial.

A eleição de Joseph Ratzinger significa que, quando iluminou os cardeais que o elegeram, o Espírito Santo optou claramente pelas mais retrógradas e reaccionárias políticas da Igreja.
Significa que o Espírito Santo pretende a continuação na Igreja das mais abjectas posições de fundamentalismo homofóbico e misógino.
Significa que o Espírito Santo, como um dos deuses dos católicos, continua inequivocamente a privilegiar os dogmas religiosos sobre as mais básicas noções de humanismo e de liberdade individual.

E uma coisa é certa: Ratzinger tudo fará para cumprir a sua vontade!...

terça-feira, 19 de abril de 2005

 

A Escolha


No primeiro dia do conclave saiu fumo negro da chaminé da Capela Sistina, assinalando que nenhum dos cardeais logrou obter pelo menos dois terços dos votos necessários para se transformar em Papa.

Não me admirava nada que o conclave venha a durar ainda mais alguns dias e que a eleição do novo Papa seja renhida e bastante difícil.

De facto, e como diz o povo, de entre todos aqueles cardeais... venha o Diabo e escolha...


segunda-feira, 18 de abril de 2005

 

Mais do mesmo


Como se se tratasse de uma vulgar corrida de cavalos, andam por esse mundo fora as mais variadas apostas sobre a identidade do novo Papa, sobre a sua nacionalidade e até sobre o dia em que o conclave vai chegar a uma decisão e finalmente fará sair fumo branco da chaminé do Vaticano.

Como é natural, os católicos portugueses agitam-se impacientemente perante a hipótese de o escolhido para se sentar na cadeira de Pedro ser D. José Policarpo, já colocado no «top 10» das bolsas de apostas e tido como possuidor de um fôlego capaz de o fazer ultrapassar os mais temíveis concorrentes nos últimos metros da corrida ao mais alto lugar da Igreja católica.
De facto, D. José Policarpo poderá significar uma solução de compromisso entre os cardeais mais progressistas e os mais conservadores, e ao mesmo tempo entre os cardeais de países do terceiro mundo e dos países tradicionalmente mais influentes na escolha papal.

Vou torcer por D. José Policarpo!
Pois, mesmo que nada de importante signifique para o nosso pais (talvez antes pelo contrário), um Papa português constituiria pelo menos um imenso contributo para a iconoclastia nacional e para o sucesso da indústria nacional de manufactura de moldurinhas debruadas a plástico dourado com a imagem do dito, e que, decerto por arrastamento, traria consigo o relançamento da venda de galos de Barcelos em barro pintado.

Mas D. José Policarpo não está sozinho na corrida: o brasileiro Cláudio Hummes, o argentino Jorge Bergoglio e o austríaco Christoph Schoenborn são indicados como favoritos pela maior parte da imprensa internacional.
Em comum precede-os a fama de serem contra a globalização e os malefícios da modernidade, e ainda o facto de, como João Paulo II, serem radicalmente contra a contracepção, o aborto, o casamento homossexual, ou qualquer forma de alteração do status quo da Igreja, principalmente no que respeita ao celibato do clero ou à ordenação de mulheres.

Destes três, o conclave provavelmente preferiria o cardeal Jorge Bergoglio, que tem a seu favor o facto de ter sido colaborador activo da ditadura militar argentina de Videla, entre os anos de 1976 e 1983. Ainda na passada sexta-feira um célebre advogado de direitos humanos argentino, Marcelo Parrilli, apresentou uma queixa crime contra Jorge Bergoglio, a quem acusa de estar envolvido no rapto de dois padres oposicionistas nos anos da ditadura.

Contudo, o mais bem colocado, e aquele em que eu arriscaria o meu dinheiro se tivesse por costume apostar neste género de corridas, é sem dúvida o inefável Joseph Ratzinger, conhecido pelos seus próprios apaniguados como o «Rottweiler de Deus».
Representando a Igreja alemã, a maior financiadora da vida faustosa e de ócio do exército de habitantes da cidade do Vaticano, e significativamente escolhido pela cúria romana para celebrar a missa do funeral de Karol Wojtila, o inquisidor-mor, este moderno Torquemada da nova Inquisição, agora eufemisticamente chamada «Congregação Para a Doutrina da Fé», tem um clube de fãs e um sítio na Internet que vende t-shirts, autocolantes, canecas e bonés com a sua efígie.
Tem até um Blog que lhe tece as maiores loas e elogios, em aberta campanha eleitoral, e numa louvaminhice e glorificação pessoal, decerto inspirada em Kim Il Sung, e à qual, presumo, o ilustre prelado é completamente alheio...

Mas uma coisa é certa: pela análise dos candidatos mais bem colocados, qualquer que seja o cardeal que venha a ser transmutado em Papa, ele será sempre um fiel continuador das políticas do seu antecessor.
O novo Papa será, uma vez mais, teocraticamente absolutista, profundamente misógino e homofóbico, convictamente retrógrado e teimosamente conservador, fundamentalista e reaccionário.
E, sem dúvida, fará prevalecer os dogmas religiosos sobre as mais básicas noções de humanismo.

Os que o vão eleger velarão para que assim seja!

domingo, 17 de abril de 2005

 

Barbie Divorciada

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sexta-feira, 15 de abril de 2005

 

O Regresso


Depois de estar de papo para o ar durante uma semana de que já só restam boas recordações (já que as más se desvanecerão no tempo logo que, assim queiram, todos percorram a sua parte do caminho), lá chegou a hora do regresso.

O Brasil é, de facto, uma terra extraordinária.
Enganam-se aqueles que encaixam o Brasil no estereótipo do país do terceiro mundo, atrasado retrógrado e que vive da exportação de meia dúzia de toneladas de bananas.
O Brasil é uma autêntica potência mundial e a sua modernização e desenvolvimento constituem um esforço colectivo que parece motivar todo aquele povo.
Contudo, são extraordinariamente chocantes as enormes desigualdades sociais que trazem consigo a factura da criminalidade, por vezes de fama exagerada, e que pessoalmente não senti.
À excepção, claro, de a zona onde estive ter ficado sem telefone da rede fixa porque alguém roubou os fios para aproveitar o cobre.

Os brasileiros são um povo extremamente religioso (enfim, ninguém é perfeito...) e são gente patriota, crítica atenta e muito orgulhosa, principalmente da sua música popular de extraordinária e fabulosa riqueza.
Só encontrei cuidado e competência em todas as tarefas que encontrei ou contratei. A célebre frase «o doutor pode deixar, que eu vou providenciar», tanto nos traz uma caipirinha saborosíssima como uma competente organização de aproveitamento turístico.
Temos mesmo muito que aprender com os brasileiros.

Foi isso mesmo que senti à chegada a Lisboa quando às 5 da manhã me obrigaram a esperar quase meia hora em pé numa escada de avião, com um frio de rachar, que chegasse o autocarro de acesso à gare do aeroporto e que uma besta qualquer da Air Luxor pelos vistos se esqueceu de... «providenciar».

quinta-feira, 7 de abril de 2005

 

Brasil

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Vou ali ao Brasil e já venho.
Volto dia 15.


As manifestações de inveja podem ser deixadas na caixa de comentários.

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quarta-feira, 6 de abril de 2005

 

As Alcavalas

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O caso é simples e conta-se em duas penadas:

Num determinado tribunal do Norte do país corria uma acção executiva. O valor da dívida a cobrar pouco passava dos 800 contos.
Foi ordenada a penhora da terça parte do salário da executada, até estar pago o montante total da dívida exequenda e das custas prováveis, que o tribunal calculou que ascendesse a 1.000 contos.
Foi notificada a entidade patronal da executada para proceder aos descontos, o que esta fez religiosamente.
Até que em pouco mais de ano e meio, se completou o pagamento.
Quando se pensava que tudo estava terminado, mais de dois anos depois o tribunal ordenou novos descontos no salário da executada, até ao montante de mais 1.000 contos.

Fiz o competente requerimento, no qual expus as minhas contas e solicitei ao juiz a explicação dos critérios que determinavam o desconto de 2.000 contos para pagamento de uma dívida de pouco mais de 800 contos e que, aparentemente, até já tinha sido integralmente paga.
Foi então que recebi este despacho (clicar na imagem para a ampliar), que não resisto a transcrever:



«A secretaria explicou cabalmente à D. ...... os critérios (legais, diga-se) que presidiram à contabilização dos descontos apurados, razão alguma subsistindo que inquine a bondade dos considerandos supra expendidos.
Vd. que a Srª. D. ......... deve atender que sobre o "quantum" em execução impendem as normais alcavalas.
Destarte, nada se ordena em contrário dos cálculos operados pela secção de processos...».

Perante esta situação só havia uma coisa a fazer: contactei o advogado da parte contrária que, depois de apurar o montante que já estava depositado à ordem do processo, e que, como é óbvio, chegava para pagar a dívida na totalidade, foi desistir da instância executiva.

Sem exigir mais... alcavalas...

terça-feira, 5 de abril de 2005

 

O Fundamentalismo


Fundamentalismo:
«s. m.,
aceitação e defesa de um conjunto de princípios diferentes dos nossos».



Ao que parece, é esta a mais actualizada definição do conceito de «fundamentalismo» com que desde logo é mimoseado quem não se rende aos encantos do Papa João Paulo II na hora da sua morte.

Onde estará, afinal, o fundamentalismo?
Quem foi este homem, cuja morte milhares de pessoas choram?

Não falo do chefe religioso ou do líder espiritual, que me é completamente indiferente.
Refiro-me ao homem e ao Chefe de Estado, e aos reflexos e consequências das políticas que defendeu, e principalmente aos modelos que fez prevalecer, não só nas sociedades de maioria católica, como é o caso da portuguesa, mas até em todo o planeta.

Que fez este homem para merecer a homenagem dos chefes de estado e líderes religiosos do mundo inteiro?
Que papel preponderante teve no mundo?
Que legado deixou Karol Wojtila à humanidade?

Não quero agora falar das críticas a que já me referi no «post» anterior, e que não quero repetir.
Refiro-me agora unicamente aos aspectos positivos apontados ao seu pontificado.
Depois de muita pesquisa, serão talvez estes os principais elogios feitos a João Paulo II:

Em primeiro lugar, atribuiu-se-lhe um grande fervor ecuménico: João Paulo II reuniu com os líderes das principais religiões mundiais, e foi o primeiro Papa a rezar numa sinagoga e numa mesquita.
É certo. Mas quais as consequências concretas disso?
Nenhumas, de facto!
Muito pelo contrário, a aproximação a algumas religiões cuidadosamente escolhidas só terá contribuído para aprofundar o fosso com as religiões ou crenças proscritas, ainda que cristãs, e até com os movimentos mais polémicos dentro da própria Igreja Católica.

Em segundo lugar, atribui-se a João Paulo II um papel preponderante na definição das políticas mundiais, por ocasião das delicadas mudanças contemporâneas do soçobrar do regime soviético e da queda do muro de Berlim.
Recordo unicamente que naquela época João Paulo II fez uma visita de Estado à Polónia quando Lech Walesa chefiava o sindicato «Solidariedade».
Mas recordo também que, para além do significado da visita em si, nenhuma palavra de sentido político foi proferida, nem nenhum gesto foi praticado que pudesse significar apoio aos movimentos democráticos.
Tudo o que pudesse afrontar o regime de Jaruselski foi cuidadosamente evitado.
Assim, e bem vistas as coisas, que mais fez em concreto João Paulo II para além de apoiar efusivamente Margareth Tatcher ou Ronald Reagan, e o seu lado da Guerra Fria?
Para além de um discurso de um anticomunismo primário e de princípio (que, como já disse anteriormente, muitos confundem com humanismo), que atitude, que acto, que gesto, foram feitos que tenham contribuído para uma mudança real e concreto no mundo?
Rigorosamente nada!
Admito que poderá perguntar-se: que mais poderia João Paulo II ter feito?
Exactamente: não poderia ter feito mais nada. E foi exactamente isso que ele fez...

Em terceiro lugar, elogia-se João Paulo II por ter pedido perdão pelos erros da Igreja no passado.
Ora bolas: eu queria era tê-lo visto a pedir perdão pelos erros da Igreja no presente!
Talvez isso pudesse ter evitado novos erros.
Ou impedido a reiteração da prática de erros antigos.

Finalmente, e em quarto lugar, chamou-se a João Paulo II o «Papa Peregrino»: terá visitado 130 países em todos os continentes.
Ora, e uma vez mais, quais as consequências desta peregrinação?
De facto, para além dos óbvios dividendos pastorais, uma vez mais nenhumas!

Karol Wojtila, bem sei, durante todo o seu pontificado condenou as guerras, os conflitos armados e o terrorismo, e denunciou as injustiças sociais e a imoralidade das políticas materialistas neo-liberais.
E, principalmente, aprofundou a doutrina social da Igreja (com o que de positivo e de negativo isso significa).

Mas onde podia ter contribuído para o progresso da Humanidade, Karol Wojtila falhou!

Em 1978 João Paulo II recebeu do conclave dos cardeais uma Igreja dividida e polémica, completamente estagnada e indiferente às pessoas.
Depois de quase 27 anos de pontificado, João Paulo II deixa uma Igreja bem pior, pois sempre entendeu valorizar a ortodoxia religiosa em detrimento das reclamações de humanismo que o homem contemporâneo justamente reclama e exige.

Karol Wojtila lega aos seus fiéis uma Igreja que não está em paz, polémica e pejada de escândalos pedófilos que incrivelmente são deixados impunes.
Uma Igreja que, afinal, vive de costas para a Humanidade, e é cada vez mais imune às mudanças e à evolução do Homem do século XXI.
Por isso, é minha opinião que João Paulo II será recordado pela História como um Papa teocraticamente absolutista, profundamente misógino e homofóbico, convictamente retrógrado e teimosamente conservador e reaccionário.

Não foi, de facto, um bom Papa.

domingo, 3 de abril de 2005

 

Karol Wojtila









Karol Josef Wojtila
(18 de Maio de 1920 – 2 de Abril de 2005)

Karol Wojtila foi eleito Papa da Igreja Católica no dia 16 de Outubro de 1978 e adoptou o nome de João Paulo II.
Sucedeu a João Paulo I, cujo pontificado durou somente 33 dias.
Foi o primeiro Papa não-italiano em 455 anos e o primeiro Papa de origem eslava da História da Igreja Católica.
João Paulo II beatificou quase 1.400 pessoas e canonizou sozinho mais santos do que todos os Papas antecedentes juntos.

Karol Wojtila ficou conhecido como o «Papa Peregrino» pelas suas inúmeras viagens pastorais por todo o mundo, onde arrastava multidões pela sua popularidade entre os católicos.
Contudo, o seu inflexível conservadorismo em questões sociais e eclesiásticas, bem como o seu extremo controle das hierarquias da Igreja, custaram-lhe as mais violentas críticas.

Foi relevante o seu papel nos palcos da política internacional por ocasião da queda do muro de Berlim e da derrocada do regime soviético.
Foi provavelmente essa intervenção que levou muitas pessoas a confundir o seu anti-comunismo com humanismo. Que, como é óbvio, não são necessariamente sinónimos.

De facto, no que se refere a questões de humanismo, Karol Wojtila será sem dúvida recordado pelas suas posições de incompreensível complacência pela pedofilia nas hierarquias da igreja, recolhendo sem hesitação os mais insignes acusados em reformas douradas e em lugares de prestígio no Vaticano.
O seu desprezo pelos problemas das minorias sociais, a persistente secundarização das mulheres, numa anacrónica misoginia, e a sua inflexibilidade perante os questões da homossexualidade, valeram-lhe acérrimas críticas durante todo o seu pontificado.

Foi também digna de nota a sua aproximação institucional às hierarquias de outras confissões religiosas, assim numa espécie de ecumenismo de religiões seleccionadas.

Na questão de Timor manteve-se silencioso durante todo o período de ocupação da Indonésia, que nunca condenou, nem sequer indirectamente.
Num silêncio por muitos considerado cúmplice, e que terá tido em vista a protecção dos interesses económicos das universidades e colégios católicos que a Igreja mantém em todo o Sudeste Asiático, maioritariamente muçulmano, João Paulo II nem sequer alguma vez se referiu aos massacres perpetrados durante os anos de ocupação.
Em visita a Timor, João Paulo II, ao contrário do era costume quando visitava pela primeira vez um país, não beijou o chão, porque já tinha estado anteriormente em Jacarta.
Assim deixando politicamente bem marcado que considerava Timor como parte politicamente integrante da Indonésia.

No seu último livro «Memória e Identidade», que foi recentemente publicado, Karol Wojtila propaga ideias teocráticas de uma extrema intolerância, e manifesta mesmo dúvidas sobre a natureza das democracias laicas e liberais, que considera como inimigos a abater.
No livro, Karol Wojtila defende ainda a ideia de que terá sido o cartesianismo a fonte de todas as “ideologias do mal” e brinda-nos mesmo com pérolas como esta:
«Depois de Descartes, se o homem pode decidir por si mesmo, sem Deus, o que é bom e o que é mau, poderá também decidir que um grupo de pessoas seja aniquilado».

Será um Wojtila desconhecedor da História da Humanidade e das barbáries praticadas em nome do seu Deus e dos seus antecessores, que considera o laicismo «oposto ao evangelho», que despreza o Estado de Direito e, com todas as letras, postula no alto da sua infalibilidade papal que estamos perante «uma nova forma de totalitarismo subtilmente oculto atrás das aparências da democracia».

Ainda no seu livro, é na questão do aborto que Karol Wojtyla dá mais largas ao seu radicalismo, quando o compara a um «extermínio legal» e, perante a indignação geral, ao próprio Holocausto, desta vez decidido por «parlamentos eleitos democraticamente em nome de uma ideologia do mal, subtil e encoberta».

Mas terá sido talvez a inflexível rigidez da sua política face ao preservativo que terão valido a Karol Wojtila as mais ferozes críticas, que o acusam de ter privilegiado a ortodoxia religiosa em detrimento da disseminação da SIDA, já uma autêntica pandemia em muitas zonas do planeta.
A essa política, de proibição espiritual ou de queima ritual de preservativos, se deverão já dezenas de milhares de mortos em regiões tão distintas como a África ou as Filipinas.

Morreu ontem, depois da longa exibição pública da degradação do seu corpo minado pela doença, e a que se seguirá agora a exposição ritual do seu cadáver por uma semana.
Morreu em agonia e sem a dignificação da privacidade que é devida a qualquer ser humano na hora da sua morte.
Morreu vendido pelas hierarquias da Igreja a um espectáculo mediático e circense, de objectivos meramente publicitários.

A História o julgará.

sábado, 2 de abril de 2005

 

I could have told you…


Starry, starry night
paint your palette blue and grey
look out on a summer's day
with eyes that know the darkness in my soul.
Shadows on the hills
sketch the trees and the daffodils
catch the breeze and the winter chills
in colors on the snowy linen land.
And now I understand
what you tried to say to me
how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
They would not listen they did not know how perhaps they'll listen now.
Starry, starry night
flaming flo'rs that brightly blaze
swirling clouds in violet haze
reflect in Vincent's eyes of China blue.
Colors changing hue
morning fields of amber grain
weathered faces lined in pain
are soothed beneath the artist's loving hand.

And now I understand
what you tried to say to me
how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
Perhaps they'll listen now.
For they could not love you
but still your love was true
and when no hope was left in sight on that
Starry, starry night.
You took your life as lovers often do;
But I could have told you, Vincent
this world was never meant for one as beautiful as you.
Starry, starry night
portraits hung in empty halls
frameless heads on nameless walls
with eyes that watch the world and can't forget.
Like the stranger that you've met
the ragged men in ragged clothes
the silver thorn of bloddy rose
lie crushed and broken on the virgin snow.

And now I think I know
what you tried to say to me
how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.

They would not listen they're not list'ning still
perhaps they never will.

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