sábado, 22 de outubro de 2005

 

A Escolha



O Ministro da Saúde de Moçambique, Ivo Garrido, declarou à «TSF» que a SIDA afecta actualmente 16% da população adulta moçambicana entre os 15 e os 49 anos de idade, calculando-se que estejam infectados com o vírus HIV 1,4 milhões de pessoas e que este número cresce a uma média de 100 mil novos casos todos os anos.

Só em 1994 morreram de SIDA 97.000 moçambicanos, dos quais 20 mil eram crianças de idade inferior a 5 anos, o que, só por si, fez descer a esperança média de vida da população de Moçambique de 46 para 38 anos.

Ivo Garrido explicou ainda que, de acordo com as taxas de infecção actualmente conhecidas, 9.200 professores e 6.000 profissionais de Saúde do país deverão morrer de SIDA nos próximos cinco anos.
A situação é tão preocupante que a capacidade de formação de novos profissionais é actualmente menor que o ritmo da mortalidade da doença!

Um dado extremamente preocupante é que todos os anos têm sido infectadas com o HIV cerca de 34.000 raparigas menores de 20 anos, facto que, segundo o ministro, «demonstra claramente uma feminização da SIDA», pois, «a vulnerabilidade da mulher ao HIV/SIDA para além de factores biológicos, também se deve a factores sócio-económicos que afectam negativamente a rapariga e a mulher jovem».

São números absolutamente terríficos!

Acontece que, ainda segundo o ministro da Saúde moçambicano, 95% das novas infecções com o HIV se devem a relações sexuais desprotegidas, isto é, praticadas por pessoas infectadas que não usam preservativo.


Perante tudo o que foi dito, está bom de ver que as primeiras medidas a tomar para tentar inverter esta situação serão campanhas intensivas de esclarecimento público e, como é óbvio, uma distribuição maciça de preservativos pelas populações.
É precisamente isso que o governo moçambicano e todos os governos africanos têm feito.

O que é curioso é que nem mesmo perante esta incrível e perturbante realidade a Igreja Católica se demove de contrariar as políticas governamentais de combate à SIDA levadas a cabo em todos os países africanos, e deixa de tentar convencer as populações que o preservativo é assim uma espécie de «instrumento do demónio».

Os mais altos responsáveis eclesiásticos da Igreja Católica Apostólica Romana em toda a África continuam a organizar em público «queimas rituais» dos preservativos distribuídos quer pelos Governos quer por inúmeras Organizações Não-Governamentais, deixando-se fotografar como nababos olhando com soberba e em pose triunfal para as autênticas fogueiras de morte que têm à sua frente.

Ou seja:
mesmo face a esta realidade, mesmo perante este números infernais, o que é facto é que a uma luta eficaz contra a SIDA, e que signifique uma diminuição real e efectiva desta chocante perda de incontáveis vidas humanas, a Igreja Católica continua a preferir e a escolher... os postulados do seu catecismo.

Deve ser a isto que costumam chamar «os valores cristãos»...




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