sexta-feira, 8 de julho de 2005

 

Um embaraço colectivo



Recebi de um leitor assíduo do «Random Precision» este excelente texto, que não resisto a publicar:


«Os comentários aqui produzidos há alguns dias sobre determinados protagonistas da cena política portuguesa, uns cuja honorabilidade se situa abaixo de qualquer suspeita, outros cuja falta de educação há muito está mais reconhecida do que assinatura em cartório notarial, se não posso dizer em consciência que me tenham causado grande perplexidade não deixaram, em todo o caso, de provocar algum desconforto.

O Eça de Queirós escreveu um dia que a única coisa que pretendia da monarquia portuguesa era que não o envergonhasse.
Ora, em Portugal há políticos no activo que não envergonham apenas aqueles que os elegeram. Envergonham-nos a todos, como cidadãos e compatriotas.
Pouco me importa se as criaturas em causa são eficientes a dar empregos, a estimular a economia, a construir estradas e túneis, a sacar dinheiro onde o possam ir buscar. Um mínimo de educação e de bom senso deveria ser não uma qualidade desejável para o exercício de um cargo público mas antes um pressuposto da elegibilidade para tal função.

Infelizmente, há pessoas em tais lugares que se arrogam o direito de ser ordinárias (no sentido mais amplo do termo), não por lhes faltar a consciência da sua falta de educação, mas porque se consideram acima de qualquer mecanismo punitivo desse seu comportamento anti-social.
E, por outro lado, não atingiram ainda o grau de maturidade suficiente para se absterem de tais atitudes apenas porque elas são incorrectas e não por recearem retaliações.
Discutir os méritos e as realizações de indivíduos desse calibre, como aqui aconteceu na «Enetation», e constatar que sempre aparecem eleitores a tentar encontrar justificações para o injustificável é francamente deprimente.

Mas faz algum sentido: afinal, ao procurarem justificar os actos daqueles que elegeram essas pessoas estão a justificar-se a si próprias por terem votado neles.

Porque, seguramente, também se sentem envergonhados: “Diz-me com quem andas (ou em quem votas) e...” ».




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