terça-feira, 5 de julho de 2005

 

A Banalização do Poder



No seu livro «War Made Easy: How Presidents and Pundits Keep Spinning Us to Death», Norman Solomon relata o excerto de uma conversa havida entre o antigo presidente norte-americano Richard Nixon e o seu Secretário de Estado Henry Kissinger, e que foi captada pelo sistema de gravações de conversas mandado instalar na «Sala Oval» por Nixon, a propósito do bombardeamento maciço de novos objectivos que estava a ser planeado no Vietname do Norte:

- Richard Nixon: "I still think we ought to take the dikes out....Will that drown people?"
- Henry Kissinger: "About 200,000 people."
- Richard Nixon: "No, no, no....I'd rather use the nuclear bomb....I just want you to think big, Henry, for Christ's sake."

Ao longo da História dos homens o exercício do poder acaba sempre por revelar a verdadeira natureza de quem o exerce.

Muitas vezes, tal como aconteceu com Richard Nixon e a conversa gravada tão bem documenta, a banalização da violência de uma guerra acaba por transformar uma pessoa respeitada e de bem, e revelar a personalidade de um assassino frio e calculista, que reduz a dimensão da vida humana a meros números numa estatística.

Outras vezes, um ministro ou um autarca que não resistiram à tentação da pequena ou da grande corrupção acabam por se transformar em vulgares delinquentes, com maior ou menor habilidade para pôr o seu pecúlio a recato numa conta de um banco suíço.

Foi exactamente o mesmo que também se passou com Alberto João Jardim.
A permanência por mais de duas décadas no desempenho do cargo de Presidente do Governo Regional da Madeira, rodeado de personagens medíocres que lhe devem a subsistência e que, por isso, não se atrevem sequer a contrariá-lo, revelou finalmente a exacta dimensão de Alberto João Jardim como homem: um palhaço boçal e um burgesso estúpido que perdeu há muito a noção do ridículo.

E, decerto, não merecerão outros qualificativos todos aqueles que acabam por lhe entregar a sua conivência: quer pelo voto acrítico que ao longo dos anos lhe vão dando, quer com o silêncio cúmplice da falta de dignidade e de coragem para uma clara e inequívoca oposição política!




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