quarta-feira, 15 de junho de 2005

 

Acquitted!


Na passada segunda-feira o cantor americano Michael Jackson foi considerado inocente dos 10 crimes de que estava acusado: quatro crimes de abuso sexual de menores, um de tentativa de abuso sexual, quatro de fornecimento de álcool a um menor e, finalmente, um crime de conspiração para cometer abuso sexual, sequestro e extorsão.
Se fosse condenado Michael Jackson arriscava uma pena de prisão superior a 20 anos.

Este processo foi o resultado dos denodados esforços de um procurador do Ministério Público norte-americano, aparentemente deslumbrado por uma persistente determinação persecutória, e que durante mais de 10 anos se dedicou quase em exclusivo a investigar detalhada e exaustivamente a vida particular do célebre cantor.

Por isso, o veredicto do júri é visto como uma pesada e humilhante derrota para o Ministério Público, pois nem uma só das 10 acusações foi considerada procedente, antes tendo sido vistas pelos jurados como o resultado de uma tentativa de extorsão milionária por parte da família do jovem de 15 anos que alegava ter sido molestado.

Mas, o que é facto é que durante o julgamento de mais de quatro meses Michael Jackson, que sempre negou veementemente todas as acusações de que era alvo, viu os mais íntimos pormenores da sua vida completamente devassados em público e pespegados nas primeiras páginas dos jornais de todo o mundo.

A absolvição de Michael Jackson foi recebida com entusiasmo pelos seus fãs, e mereceu manifestações de regozijo por parte de milhares de pessoas que nas imediações do Tribunal aguardavam o veredicto.

Mas Michael Jackson não foi totalmente absolvido.
Longe disso!

Em qualquer parte do mundo, por muito que uma acusação de abuso sexual de menores se venha a revelar não ser mais do que o resultado de uma patológica determinação persecutória de um qualquer procurador do Ministério Público, por muito que seja o culminar desesperado de uma investigação policial medíocre e incompetentemente criminosa, por muito que reflicta conclusões apressadas e infundamentadas de um qualquer juiz de instrução, o que é verdade é que subsistirá sempre no espírito de algumas pessoas que «não há fumo sem fogo» e que a absolvição resulta somente do mero acaso de uma «não condenação por falta de provas».

É por isso que Michael Jackson nunca mais tornará a ser visto da mesma forma.
Nem como pessoa, nem como profissional.
Nunca mais a sua carreira será a mesma, nem nunca mais venderá o mesmo número de discos.
Nunca mais será convidado para programas televisivos, nem lhe será mais alguma vez dada a oportunidade de sequer os apresentar ou produzir.
Nunca mais fará anúncios, nem à Pepsi, onde recebia usualmente honorários de vários milhões de dólares, nem sequer a uma simples companhia de seguros.

Por muito que se prove que a sua acusação resultou de uma tentativa de extorsão ou até, quem sabe, do encobrimento de alguém verdadeiramente culpado, a sua simples entrada num restaurante será sempre seguida de um embaraçoso e generalizado silêncio.
E haverá provavelmente alguém lá no fundo que vai pensar: «lá vem o pedófilo que escapou à justiça!».


Seja nos Estados Unidos, seja em Portugal, alguém que alguma vez tenha a triste sorte de ser suspeito de um crime de abuso sexual de menores, por muito que venha a ser considerado por um tribunal como «não culpado» nunca é, de facto, verdadeiramente absolvido.

E nunca mais será livre!




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