quinta-feira, 31 de março de 2005

 

Terri Schiavo


Hoje morreu Terri Schiavo.

Na sequência de dois ataques cardíacos que impediram a chegada de oxigénio ao seu cérebro, o que lhe ocasionou gravíssimas lesões cerebrais, Terri Schiavo encontrava-se há mais de 15 anos em estado vegetativo, considerado pelos médicos como irreversível.

Depois de uma longa luta judicial, o marido de Terri Schiavo conseguiu uma autorização para que fosse legalmente retirado o tubo que a alimentava artificialmente.
O que acabou por ser executado há já treze dias.
Contudo, logo desde o início o pais contestaram tal decisão e levaram a cabo uma luta titânica, que chegou ao Congresso e ao próprio presidente dos Estados Unidos, procurando em vão a recolocação do tubo de alimentação da filha.
Ainda ontem o Supremo Tribunal dos Estados Unidos havia recusado uma vez mais intervir no caso, indeferindo qualquer possibilidade de recurso da decisão de parar a alimentação artificial de Terri.

É difícil fazer qualquer juízo de valor sobre a luta que se travou entre o marido e os pais de Terri Schiavo ou sobre as suas intenções ou motivações.

Como julgar o marido, que procura terminar com a indignidade daquela espécie de «vida para além da vida»?
Será que “aquilo” ainda era «vida»?
Como julgar os pais, quem sabe ainda esperançados numa qualquer cura milagrosa, para quem aquele ser humano, qualquer que fosse a sua condição, seria sempre a sua filha?
Qual será a maior dor para um pai? Ver a sua filha num estado vegetativo, ou vê-la simplesmente morrer?

Mas não estaria, decerto, longe da verdade se pensasse que se alguma réstia de consciência, de raciocínio, ainda restasse a Terri Schiavo, provavelmente seria ela própria quem lutaria também pela retirada do tubo que há 15 anos a mantinha naquela situação, e haveria de querer sair desta vida com dignidade, talvez a única coisa que ainda lhe restava.

Era, pelo menos, o que eu quereria...



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com