quarta-feira, 16 de março de 2005

 

O Código da Vinci


O «Diário de Notícias» e o «Público» noticiam que o Vaticano está a promover um seminário para desmontar os “erros e as “distorções” existentes no célebre romance de Dan Brown «O Código Da Vinci».
O cardeal Tarcisio Bertone, que foi o escolhido para liderar mais uma cruzada da Santa Sé – desta vez contra um romance de um escritor americano – apelou ontem ao católicos na Rádio Vaticano que não leiam e não comprem o livro.
Dan Brown é acusado de montar “um castelo de mentiras” e de obedecer a uma «intenção deliberada de desacreditar a Igreja Católica».

Uma vez mais o Vaticano procura determinar o modo de vida das pessoas de acordo com os seus cânones e princípios, por mais ortodoxos ou fundamentalistas que se venham a revelar.
E, se a «Santa Inquisição» já não existe hoje, é a sua condigna sucessora, a «Congregação para a Doutrina da Fé», chefiada pelo inefável Cardeal Joseph Ratzinger, quem actualmente controla a ortodoxia dos "ensinamentos católicos".
E esses ensinamentos revestem as mais variadas formas: desde influências sobre determinadas áreas governamentais e legislativas, à completa proibição de acesso às mais diversas áreas do conhecimento humano.
Não vão por aí espalhar-se boatos insidiosos de que a Terra é redonda, ou que a mulher afinal não foi criada de uma costela de Adão...
Exemplo disso é a extensa lista de livros cuja leitura é proibida aos cristãos: o célebre «Index librorum prohibitorum».
Não vá o Diabo tecê-las!

Dan Brown deve estar orgulhoso!
Num ápice, a sua inclusão no «Index» coloca o seu livro ao lado de outras obras primas da literatura mundial, como «Os Miseráveis» de Vítor Hugo.
E compara o seu autor a outros escritores que foram declarados heréticos e totalmente “banidos da cristantade” (sob pena da imediata excomunhão de quem lesse os seus livros), de que se destacam: Descartes, Bacon, Hobbes, Voltaire, Diderot, Montesquieu, Lock, Pascal, Rousseau, Lamartine, Stuart Mill, Hume, Zola, Maeterlinck, Comte, Anatole France, Kant, Jean-Paul Sartre, André Gide, Alberto Moravia, etc., etc.

Quando perceberá o Vaticano que não é preciso um romance de segunda categoria para desacreditar a Igreja Católica?
Quando perceberá que é a Igreja Católica que se desacredita a si própria?...



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