terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

 

A Fé das Pessoas


Será possível falar de Fátima sem ser acusado de amesquinhar ou desrespeitar a fé das pessoas?
Não digo falar da fé das pessoas; nem sequer falar de Deus. Isso é outra conversa.
Digo, antes, falar de um acontecimento físico, de uma materialização do divino que me dizem que ocorreu naquele local.
Também não quero falar de quem acredita que essa manifestação de Deus junto dos Homens ocorreu de facto. Isso seria, uma vez mais, falar da fé.

O que pergunto, pois, é se será possível discutir racionalmente uma intervenção divina, uma materialização na Terra de uma qualquer realidade transcendental.
Ou isso não me é permitido?

Mas, afinal, não é Fátima essencialmente isso mesmo? Não é Fátima «a prova» da existência de uma realidade metafísica que se materializou utilizando a leis da física?
Não é Fátima, afinal, a própria celebração dessa manifestação física e racional?
Então porque não a posso discutir física e racionalmente?

Não será, antes, o mero recurso à crença numa manifestação física de uma divindade, para com isso se encontrar uma prova da sua existência, a própria negação da fé?

Será a discussão racional da realidade física das manifestações divinas que amesquinha e desrespeita a fé das pessoas?
Ou será antes essa estranha necessidade que essas mesmas pessoas têm de encontrar provas físicas da existência do divino, que minimiza a sua própria fé?

Porque será que me dizem: «Olha! A Virgem Maria apareceu em cima de uma azinheira!», e depois me acusam de amesquinhar a fé das pessoas quando pretendo falar do assunto?
Será que falar nisso é só por si amesquinhar e desrespeitar a fé das pessoas?

É que me dizem que a mãe do próprio Deus, o Todo-Poderoso, decidiu transmitir uma mensagem aos Homens.
Que mensagem, pela sua transcendental importância, exigiria a presença da própria Virgem Maria, em pessoa, para ser comunicada aos Humanos?
Já não me refiro ao aproveitamento político posterior, ou sequer à referência que a Virgem teria feito a Salazar – que nisso nem o próprio Salazar, decerto, acreditou.

Refiro-me somente à mensagem original, relatada nos dias imediatos às aparições.
Nessa importante mensagem à Humanidade, a mãe de Deus transmitiu-nos três coisas:

Na primeira, disse-nos uma banalidade;
Na segunda, fez uma previsão inútil, e que só nos foi transmitida depois de ocorrer o facto previsto;
Na terceira... enganou-se!...

Serei eu mesmo, afinal, quem amesquinha e desrespeita a fé das pessoas?
Serei eu?...



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com