domingo, 9 de janeiro de 2005

 

O espalha-brasas


Decerto motivado pelas mais recentes sondagens, que continuam a reafirmar a sua completa irrelevância política, Manuel Monteiro continua a pensar que mais vale que comentem os seus disparates do que o ignorem por completo e nem sequer falem de si.
O que desta vez veio à cabeça deste «espalha-brasas» da política portuguesa, foi desafiar o Presidente da República, Jorge Sampaio, a quem acusa de ser «um activo do PS», a demitir-se na noite das eleições caso nenhum partido ganhe as legislativas com maioria absoluta.

Manuel Monteiro está enganado: não é porque o Presidente da República não corresponde às suas expectativas pessoais que passa a ser «um activo» de outro partido que não o seu, e que por isso se deverá demitir.
Já aqui uma vez defendi que, quando um político se apresenta ao eleitorado com um determinado programa, celebra com aqueles que em si votam um “contrato político”, que tem de cumprir.
E quando um político sai vencedor das eleições, as regras da democracia impõem que seja esse programa político, esse contrato político, a vigorar e a prevalecer sobre os demais, que saíram derrotados.
Foi o que sucedeu com Jorge Sampaio que, por duas vezes, derrotou nas urnas adversários com programas políticos distintos e, inclusivamente, sempre anunciou que se manteria filiado no Partido Socialista.
Foi nele em quem os portugueses votaram; não em Cavaco Silva ou em Ferreira do Amaral.
Por isso, Jorge Sampaio tem de honrar o contrato político que celebrou com os seus eleitores, e tem de agir de acordo com aquilo que lhes propôs e com aquilo que dele se espera face à sua personalidade política.
Tem, pois, de cumprir o seu mandato em toda a sua plenitude, e exercer os poderes constitucionais que o regime semi-presidencialista português lhe confere.
Foi isso que Sampaio não fez quando nomeou Santana Lopes após a saída de Durão Barroso.
Mas foi o que fez agora, finalmente, quando o demitiu.

É com isso que Manuel Monteiro tem de aprender a resignar-se!
Mesmo que se ponha em bicos de pés e tente todos os expedientes para ser falado nos jornais.
Como desta vez, em que veio dizer ao Procurador Geral da República que acha que tem o seu telefone sob escuta, assumindo-se como o grande protagonista de um «Watergate à portuguesa».
Como se alguém estivesse interessado em ouvir o que ele diz...



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